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Encontro de ministros do Exterior evidencia uma Europa dividida

20:26 | 04/09/2015
Entendimento na União Europeia por solução conjunta para a crise migratória segue distante. Enquanto lideranças políticas lideradas por Berlim pedem rapidez, países do bloco oriental rejeitam quota de redistribuição. Se alguém tinha a ilusão de uma aproximação entre países-membros da União Europeia (UE) no encontro dos ministros do Exterior do bloco, o ministro do Exterior da Hungria tratou de destruí-las logo em sua chegada a Luxemburgo. "A UE tem de parar de provocar expectativas não realistas e, assim, atrair mais e mais refugiados à Europa", disse o ministro Peter Szijjarto. Esta é a linha do governo húngaro desde o controverso e criticado discurso do premiê húngaro, Viktor Orban, em Bruxelas: ele apontou o dedo para a Alemanha, alegando que Berlim possui uma parcela de culpa pelo grande fluxo de sírios, porque fez promessas generosas. E no final da tarde, Orban e líderes políticos de República Tcheca, Eslováquia e Polônia reafirmaram manter a posição: uma quota fixa para a redistribuição dos refugiados está fora de questão. Em vez disso, há a ideia de criar uma espécie de corredor entre os países da Europa Oriental e Alemanha, através do qual os refugiados poderiam então passar sem serem registrados. Sem consentimento da Alemanha Em Luxemburgo, a decisão não recebeu os aplausos da Alemanha há dias o governo alemão insta a Hungria e os países vizinhos para que não deixem de cumprir com suas obrigações europeias de receber e registrar migrantes. Ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, disse que o país está disposto a ajudar Berlim inclusive já dobrou a ajuda financeira para a Grécia para questões migratórias. A Comissão Europeia também promete mais dinheiro às pessoas afetadas, mas com o lema: quem aceita a ajuda, também deve assumir responsabilidades. É inaceitável que os refugiados continuem simplesmente sendo empurrados para o norte. A pressão do tempo aumenta Dados os acontecimentos prévios na Grécia, Macedônia, Sérvia e especialmente na Hungria, onde milhares de pessoas desesperadas decidiram caminhar até a Áustria, a UE deve agir com rapidez. "Por que estamos tão lentos?", questionou o ministro do Exterior da Áustria, Sebastian Kurz, irritado. "A Áustria já recebeu dez vezes mais pedidos de asilo do que Grécia e Itália juntos", reclamou. Ele pleiteia por uma distribuição equitativa do contingente de migrantes na UE. Algo aparentemente ainda distante de acontecer. Porque o cronograma já é pouco ambicioso: no encontro entre ministros do Interior do bloco europeu, em meados de setembro, haverá, no máximo, primeiros passos para um entendimento. Segundo o ministro do Exterior de Luxemburgo, Jean Asselborn, talvez em outubro, as primeiras soluções possam ser definidas. Atualmente ele é o presidente do Conselho Europeu, onde os governos dos Estados-membros devem tomar as decisões. Sua tarefa é levar as negociações adiante. Asselborn espera que agora "a ficha tenha caído" nos países-membros, e que participarão de uma solução conjunta para a crise migratória. Mas outra função acoplada ao cargo de presidente do Conselho Europeu é manter o otimismo. Steinmeier, por outro lado, deseja uma ação mais rápida, mas não ostenta a esperança de uma completa nova política da UE para asilo e refugiados. Os sinais indicam que os europeus vão fornecer soluções parciais e somente em pequenos passos, talvez progressos numa redistribuição única de 100 mil a 150 mil refugiados. A frustração é grande Mas, por enquanto, não há um consenso para um mecanismo permanente para lidar com a crise. A Comissão Europeia já apresentou todos os tipos de ideias: países podem, por exemplo, se livrar temporariamente da obrigação de receber e registrar migrantes em troca de taxas. Falou-se até em sanções econômicas. Mas a resistência de um grupo de países na Europa Oriental se mantém firme em sua posição. Mesmo para o político profissional Asselborn há mais de uma década ele é ministro das Relações Exteriores de Luxemburgo a frustração sobre o estado atual e a desunião na UE é clara. "Esta crise ainda vai ocupar a Europa por uma década, e ela é muito mais grave do que os problemas da dívida da Grécia", afirmou. E sobre as chocantes fotos que mostram o pequeno Aylan Kurdi, um menino de três anos da cidade síria de Kobane e que morreu afogado na travessia do Mar Egeu, Asselborn foi direto: "Eu acho que também emoções precisam colocar políticos em movimento". De negação total a concessões parciais Foi o que aconteceu com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que antes mantinha a posição totalmente contrária a uma política de refugiados comum da UE. Agora, motivado a praticar um gesto humanitário, ele prometeu receber milhares de refugiados da Síria. No entanto, o secretário do Exterior britânico nem participou das conversações em Luxemburgo um sinal de que o Reino Unido pretende continuar a não trabalhar numa solução efetiva. Enquanto isso, porém, cresce a impaciência em alguns países: Áustria e Eslováquia pedem por uma cúpula extraordinária da UE o mais rápido possível. Mesmo que a solidariedade na UE não está exatamente aflorada e a Europa está dividida, há a esperança de que em alguma reunião noturna em Bruxelas, milagrosamente, os chefes de governo consigam chegar a um entendimento. Autor: Barbara Wesel (pv)
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