Crianças e mulheres pagam preço 'desproporcional' pela guerra na Síria
As mulheres correm mais perigo de perder a vida nestes tipos de ataques que os homens civis, que "majoritariamente" são vítimas de disparos de artilharia, tiros e execuções
As crianças e as mulheres pagam um preço "desproporcional" pela guerra na Síria, segundo um estudo universitário que pede o "cessar urgente" dos ataques contra as zonas povoadas por civis. "Nossa análise mostra que o uso de armas explosivas nas zonas povoadas da Síria tem efeitos mortais desproporcionais em mulheres e crianças e deveria ser proibido com total urgência", explicam os autores do estudo.
Estes trabalhos, publicados nesta terça-feira na publicação médica britânica BMJ e apresentados como os primeiros deste tipo, analisaram os óbitos de 78.769 civis por morte violenta entre 18 de março de 2011, data do início da escalada do conflito, e 21 de janeiro de 2015.
Para efeitos de comparação, um relatório da ONU havia registrado um total de 191.369 mortes violentas na Síria (essencialmente pela guerra) entre março de 2011 e abril de 2014, número que incluía vítimas civis e combatentes.
"Embora a maioria dos mortos sejam homens, quase 25% das vítimas sírias são mulheres ou crianças", destacam os investigadores das universidades belgas de Lovain e Liége, Massachusetts (EUA), Cambridge (Grã-Bretanha) e a Universidade Americana de Beirute (Líbano), que assinam o trabalho.
Segundo esta análise, baseada em números divulgados pela ONG Violation Documentation Center in Syria, as crianças correm maior risco que os homens não combatentes de morrer em um bombardeio aéreo, por disparos de artilharia ou por armas químicas.
As mulheres correm mais perigo de perder a vida nestes tipos de ataques que os homens civis, que "majoritariamente" são vítimas de disparos de artilharia, tiros e execuções.
"Nossa investigação evidencia que o uso de armas químicas tem afetado particularmente mulheres e crianças, e a destruição parcial dessas armas depois de meados de 2012 salvou provavelmente muitas vidas".
A "proporção elevada de crianças" entre as vítimas de armas explosivas poderia ser o resultado de ataques intencionais em zonas povoadas de civis ou com grandes proporções de crianças, destacam.
"Nosso estudo mostra que os civis tornaram-se o alvo principal das armas e representam uma parte desproporcional das vítimas dos bombardeios. Se formos investigar as causas da crise atual dos imigrantes e refugiados na Europa, esta é certamente uma razão importante".
AFP