Congresso boliviano admite quarta candidatura de Evo Morales
Reforma da Constituição pode permitir que primeiro presidente indígena governe por quase 20 anos seguidos, se ratificada em plebiscito. Oposição promete combater "fraude constitucional" e "tirania".
Parlamentares bolivianos aprovaram neste sábado (26/09) uma reforma constitucional que permite ao presidente Evo Morales candidatar-se a um quarto mandato. Assim, caso vença as próximas eleições, programadas para 2019, ele poderá completar quase 20 anos como chefe de Estado da Bolívia.
Após cerca de 20 horas de debates, o Congresso, controlado pelo Movimento ao Socialismo (MAO ), partido de Morales, passou com mais de dois terços dos votos a reforma parcial da Constituição Política do Estado, informou o presidente do Senado, José Alberto Gonzales.
A lei foi proposta ao órgão legislativo pelos sindicatos de operários e indígenas afins ao governo. Depois de ser submetida ao Tribunal Constitucional, ela ainda precisa ser ratificada num plebiscito a se realizar em 21 de fevereiro de 2016.
Morales assumiu o cargo presidencial pela primeira vez em 2006. Após uma reforma da Constituição efetivada três anos mais tarde, foi reeleito em outros dois pleitos, número máximo que permite a atual legislação. No ano passado, obteve 61% dos votos para a gestão 2015-2020.
Oposição acusa de tirania
A oposição boliviana já anunciou que fará campanha para evitar uma quarta candidatura de Morales. Segundo o empresário Samuel Doria Medina, presidente da centrista Unidade Nacional (UN), "o 'não' à reeleição é o caminho". No debate no Legislativo, se "desnudou" um "plano golpista, mas "a luta segue", enfatizou.
O ex-presidente Jorge Quiroga, líder do Partido Democrata-Cristão (PDC), comentou à mídia que o atual governo tenta "prorrogar-se no poder" com base na "fraude constitucional", no descumprimento das normas e "através do caminho da tirania e da ditadura".
De Nova York, onde, se encontra para participar para a Assembleia Geral das Nações Unidas, o primeiro presidente indígena da história da Bolívia declarou: "Não se trata de se eternizar. Não somos de ferro, para nunca terminarmos." E confirmou que, "se o povo disser sim" no plebiscito, "então cabe se apresentar em 2019".
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