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Como cada hora em frente à TV eleva riscos à saúde

07:44 | 24/09/2015
Estudo no Japão conclui que mais de cinco horas diárias diante da tela dobram chances de embolia pulmonar. No Canadá, pesquisa liga exposição de crianças à televisão a problemas no desenvolvimento de funções cerebrais. Além da já conhecida influência nos índices de obesidade, a televisão pode aumentar também os riscos de embolia pulmonar. A constatação é de um estudo recente conduzido pelo pesquisador Toru Shirakawa, da Universidade de Osaka, no Japão, e apresentado durante encontro da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC). Shirakawa analisou, por 18 anos, mais de 86 mil pessoas, entre mulheres e homens de 40 a 79 anos. Eles foram divididos em três grupos, de acordo com o tempo gasto na frente da TV: menos de duas horas e meia, de duras horas e meia a menos de cinco horas e cinco horas ou mais. Segundo a pesquisa, pessoas que passam cinco ou mais horas por dia assistindo à TV têm o dobro de risco de desenvolver uma embolia pulmonar do que aquelas que gastam menos de duas horas e meia diárias com isso. A embolia pulmonar é uma doença grave, causada por coágulos sanguíneos formados, geralmente, nos vasos da perna. Se eles permanecem no membro inferior, podem causar trombose. Como o coágulo bloqueia o fluxo de sangue, provoca dor e inchaço na região. Se o coágulo se desprende e cai na corrente sanguínea, acontece o processo de embolia, que pode atingir, além dos pulmões, cérebro e coração. Dores no peito e falta de ar podem ser sinais de embolia pulmonar. Os fatores de risco incluem câncer, repouso prolongado, falta de exercícios e uso de contraceptivos orais. A relação entre ver TV e desenvolver a doença foi maior em pessoas com menos de 60 anos. Nessa faixa etária, assistir à televisão mais de cinco horas por dia gerou um risco seis vezes maior de embolia pulmonar em comparação com o grupo que gastava menos de duras horas e meia. Segundo Shirakawa, a imobilidade das pernas durante a exposição televisiva pode explicar, em parte, a descoberta. "Para prevenir a ocorrência de embolia pulmonar, recomenda-se fazer uma pausa, levantar e caminhar enquanto se assiste à TV. Beber água para evitar a desidratação também é importante", recomenda o pesquisador. O uso de outros aparelhos eletrônicos com base visual, como computadores e smartphones, também pode ter relação com o desenvolvimento da doença, mas, para Shirakawa, mais pesquisas são necessárias. "A prática prolongada de jogos de computador tem sido associada com a morte por embolia pulmonar, mas, no nosso conhecimento, uma relação com o uso de smartphones ainda não foi relatada." "Bullying" entre crianças Outra pesquisa, desta vez no Canadá, apontou que a exposição precoce das crianças à TV pode aumentar as chances de elas sofrerem bullying na escola. Linda Pagani, membro do Centro de Pesquisa do Hospital Sainte-Justine, ligado à Universidade de Montreal, acompanhou o crescimento de 1.997 meninas e meninos. Ela concluiu que o número de horas gasto por eles durante 29 meses (dois anos e cinco meses) assistindo à televisão está relacionado com a probabilidade de eles sofrerem bullying na sexta série. "É plausível que hábitos adquiridos muito cedo e caracterizados por experiências que exigem menos esforço e interação, como ver TV, resultem em deficits de habilidades sociais. Mais horas gastas com a televisão deixam menos tempo para a interação familiar, que continua sendo o principal veículo de socialização", explica Pagani. Os hábitos televisivos das crianças foram informados por seus pais, e os acontecimentos na sexta série, relatados pelas próprias crianças. A elas, foram feitas perguntas como "quantas vezes outros alunos tiraram os seus pertences de você?" e "quantas vezes você foi abusada física ou verbalmente?". "Cada 53 minutos diários a mais na frente da TV aos 29 meses acarretaram um aumento de 11% na intimidação que a criança sofreu por parte de colegas da sexta série", disse Pagani. Segundo ela, a exposição precoce à televisão também está relacionada com prejuízos no desenvolvimento de funções cerebrais que dirigem a resolução de problemas, a regulação emocional, a competência social para jogos em grupo e o contato social positivo. "Ver muita TV nessa fase pode levar também a hábitos de contato visual falhos, o que é um empecilho para fazer amizades e para a autoafirmação na interação social." Números do Brasil Em 2014, o brasileiro passou, em média, 4h31 por dia exposto à televisão de segunda a sexta-feira, e 4h14 nos finais de semana. Segundo a última Pesquisa Brasileira de Mídia, realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). Dos 18 mil entrevistados, 73% afirmaram ter o hábito de assistir à TV diariamente, e 79% ligam o aparelho para se informar. A exposição à TV varia conforme o gênero, a idade e a escolaridade. De segunda a sexta, as mulheres passam mais horas (4h48) em frente à TV do que os homens (4h12). Os brasileiros de 16 a 25 anos assistem cerca de uma hora a menos de televisão por dia da semana (4h19) do que os acima de 65 anos (5h16). O televisor fica mais tempo (4h47) ligado na casa das pessoas que estudaram até a quarta série do que no lar de quem tem ensino superior (3h59). Autor: Anaïs FernandesEdição: Alexandre Schossler
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