Abbas questiona acordos de paz com Israel
Presidente da Autoridade Nacional Palestina afirma não poder mais respeitar Acordos de Oslo, de 1993, pois Israel os viola continuamente. Líder também defende o status de membro pleno na ONU para os palestinos.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, declarou nesta quarta-feira (30/09) que os territórios palestinos não podem mais respeitar os Acordos de paz de Oslo, assinados em 1993. O motivo seria a contínua atividade de assentamentos por parte de Israel.
"Enquanto Israel continuar violando os acordos, nós deixaremos de nos sentir vinculados a eles", disse Abbas em discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. "Israel precisa assumir todas as suas responsabilidades como uma potência ocupadora, porque o status quo não pode continuar."
Trata-se do alerta mais sério já emitido por Abbas a Israel de que ele pode dissolver a Autoridade Nacional Palestina. Antes do discurso na ONU, o líder palestino já havia ameaçado lançar uma "bomba" política durante a sua fala, o que havia levado a especulações de que ele fosse cortar laços com Israel devido à expansão de seus assentamentos e outras políticas de linha dura.
Marco no processo de paz
Hoje considerados fracassados, os Acordos de Oslo foram considerados durante muito tempo um marco no processo de paz no Oriente Médio.
No dia 13 de setembro de 1993, Bill Clinton, então presidente dos Estados Unidos, conseguiu trazer ao jardim da Casa Branca o chefe do governo de Israel, Yitzhak Rabin, seu ministro do exterior, Shimon Peres, e o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, para assinarem um documento que sinalizaria o início do fim de décadas de conflitos.
Foi acordado que seria formado um governo palestino, que cooperaria com Israel em questões econômicas e de segurança. Em troca, a OLP se comprometeu a abandonar o objetivo de destruir Israel. Era a primeira vez que os dois lados se reconheciam oficialmente.
A base dos acordos havia sido negociada secretamente na capital da Noruega, Oslo, durante vários meses, entre representantes israelenses e palestinos. O conceito de "terra em troca de paz" rendeu a Rabin, Peres e Arafat o Prêmio Nobel da Paz, em 1994.
Bandeira palestina
Pouco depois do discurso de Abbas, a bandeira palestina foi hasteada diante do prédio da ONU em Nova York. A cerimônia é vista como um sucesso simbólico para os esforços palestinos no sentido de conquistar o reconhecimento internacional e a soberania nacional.
A Autoridade Nacional Palestina não é membro pleno da ONU, mas, em 2012, adquiriu o status de entidade observadora. "A Palestina merece o reconhecimento e o status de membro pleno na ONU", defendeu Abbas na Assembleia Geral nesta quarta-feira.
LPF/dpa/ap