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Taxistas fazem propaganda do Uber na Alemanha

12:03 | 14/08/2015
Táxis com campanha publicitária do serviço de carona paga são cada vez mais vistos em grandes cidades do país, onde aplicativo é, em parte, proibido. Motoristas enfrentam críticas de colegas. O controverso aplicativo de carona da empresa Uber vem desencadeando protestos e até reações violentas de taxistas em países europeus e, mais recentemente, no Brasil. Porém, na Alemanha, onde o serviço é proibido, um fato curioso vem chamando a atenção nas ruas de Berlim, Hamburgo e Düsseldorf: há vários taxistas fazendo propaganda para o app da empresa americana. A campanha publicitária do Uber justamente em carros do principal e mais ativo concorrente começou em meados do primeiro semestre deste ano, mas agora está cada vez mais visível, devido à crescente adesão. A associação de taxistas de Berlim estima que no mínimo cem táxis estejam estampados com o logo da empresa americana na lataria lateral. "A cada semana, mais taxistas aderem à publicidade, por isso a campanha se torna claramente mais visível", disse o gerente-geral do Uber em Berlim, Christian Freese, ao jornal alemão Die Welt. A empresa estaria pagando os valores usuais de mercado pela publicidade. A explicação é simples: com os serviços UberPop (de motoristas privados) e UberBlack (de limousines) proibidos, o Uber iniciou uma cooperação com os taxistas. Segundo a empresa, o trabalho conjunto existe em Berlim, Hamburgo e Düsseldorf desde setembro do ano passado. Para tal, existe um aplicativo, o UberTaxi. Ao contrário dos outros serviços oferecidos pela empresa, o Ubertaxi é legal e precisa, portanto, seguir todas as regulamentações como qualquer franquia de táxis. Além disso, o táxi pedido pelo cliente através do aplicativo sai pelo mesmo preço de todos os outros. "Coveiros de suas próprias covas" No entanto, muitos dos membros da associação de taxistas de Berlim continuam céticos. Colegas que aceitaram estampar o logo do Uber em seus veículos são chamados de "coveiros de suas próprias covas". "É um pouco vergonhoso. É como atirar no próprio pé", disse Detlev Freutel, da associação de taxistas de Berlim, ao comentar a publicidade nos veículos de colegas. A indústria do táxi não mudou sua posição sobre o Uber. "O chefe dessa empresa deixou bastante claro que ele quer acabar com a gente", completou. A campanha publicitária não pode ser impedida, explica o presidente da cooperativa de táxis de Düsseldorf, Dennis Klusmeier. A cooperativa tenta dissuadir os colegas taxistas da ideia de aceitar carregar o logo, mas motoristas, que fecham o acordo com o aplicativo de forma independente, argumentam conseguir clientes adicionais dessa forma. "Eles cometem um erro estratégico, pois estão, a longo prazo, cedendo fatias do mercado onde mais faturam", argumentou Klusmeier. Atualmente, a indústria do táxi está em queda na Alemanha, devido à introdução de um salário mínimo aos taxistas, que causou um aumento nas tarifas. Segundo Klusmeier, alguns clientes já reagiram com restrição e estão abdicando do serviço. Histórico de polêmicas Em junho, uma onda de violentos protestos contra o Uber resultou em bloqueios de estradas e depredações na França. Em Paris e Lyon, quase três mil taxistas participaram da paralisação, que teve carros incendiados, confrontos com polícia e ao menos 11 presos. Posteriormente dois diretores da empresa americana na França foram levados sob custódia para interrogatório por supostas atividades ilícitas. O UberPop é ilegal na França desde janeiro deste ano, mas a lei é de difícil aplicação, e o serviço continua operando. No Brasil, taxistas chegaram a dar corridas de graça em protesto contra o serviço de carona paga no país. Em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, houve manifestações em massa, e há relatos de taxistas terem agredido e sequestrado motoristas e passageiros que faziam uso do Uber. Após o início dos protestos, o Uber se tornou o aplicativo mais baixado na Apple Store no Brasil. Criado há cinco anos nos Estados Unidos, o aplicativo que oferece carona paga já está em 58 países. Os números de parceiros e passageiros atendidos não são informados. Mas os taxistas reclamam da concorrência, que consideram desleal, já que os valores cobrados são mais baixos. Além disso, o serviço não é regulamentado, e motoristas particulares pagam menos impostos. A plataforma foi proibida em Alemanha, Bélgica, Espanha, França e Portugal. Em Londres, e em algumas cidades dos Estados Unidos como Washington e Nova Iorque, o serviço é liberado. No Brasil, é proibido somente em Brasília. Autor: Philip VerminnenEdição: Rafael Plaisant
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