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Opinião: Narcisismo a todo custo

13:49 | 27/08/2015
Assassino de jornalistas conseguiu o que desejava: chamar a atenção. Um narcisismo doentio que, em tempos de autopromoção na internet, está cada vez mais presente, opina Miodrag Soric, correspondente da DW em Washington. A estratégia do irado jornalista funcionou: milhões de pessoas em todo o mundo puderam ver o seu feito. Elas observaram no Facebook, no Twitter e nos canais de televisão o assassinato da repórter Alison Parker e do cinegrafista Adam Ward. O criminoso conseguiu o que desejava: ser famoso, chamar a atenção, mesmo que apenas por algumas horas. Ele queria que o mundo falasse sobre ele, discutisse sobre o seu ato, especulasse sobre os seus motivos. Para ser notado, ele estava disposto a pagar um preço terrível: o assassinato de jornalistas inocentes e o fim da própria vida. Que narcisismo doentio. Em tempos de autopromoção na internet, isso está infelizmente bastante generalizado. Principalmente nos Estados Unidos. "Você é o que mostra", como definem os profissionais de marketing. Em outras palavras: "Se você não se expõe, você não existe." Aliás, essa lógica também é seguida pela campanha eleitoral americana. Quanto mais aparecer, melhor. As mídias tradicionais fazem bem ao recusar essa lógica. Ao ordenar os fatos, em vez de provocar escândalos. Ao rejeitar o voyeurismo de forma consistente. Porque naturalmente é um absurdo que a notoriedade, ou seja, a vida exterior se torne a medida de todas as coisas. A vida real é a interior. Não é necessário ser religioso para reconhecer isso. O criminoso era como formulou um de seus colegas uma pessoa infeliz. Alguém que sonhava com a fama diante das câmeras. O banimento das telas corroeu seu coração, destruiu sua bússola moral. Talvez as consequências houvessem sido menos graves, se ele tivesse encontrado mais dificuldades para obter uma arma. Nos EUA, principalmente na Virgínia, não é preciso fazer grandes esforços para comprar uma pistola semiautomática. Agora alguns vão reclamar sobre isso mais uma vez, como, por exemplo, os políticos liberais. Eles querem endurecer as leis sobre armas. Aposto que é precisamente isso como foi o caso até agora que não vai acontecer. O lobby de armas é forte o suficiente para resistir. Em breve, a maioria dos deputados democratas e republicanos vai mergulhar novamente na campanha eleitoral. E, então, cada doação é bem-vinda mesmo que venha do lobby de armas. Autor: Miodrag Soric, de WashingtonEdição: Rafael Plaisant
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