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Cinema ao ar livre no Festival de Locarno

10:22 | 07/08/2015
Evento abriga uma das mais belas salas de cinema do mundo, a Piazza Grande, no coração da cidade suíça. Meryl Streep como roqueira, crimes do nazismo e o filme brasileiro "Heliópolis" são alguns destaques da 68ª edição. Quando se trata de sala de cinema, fica difícil para Cannes, Veneza e Berlim competir com a beleza de Locarno, na Suíça. Durante o festival, até 8 mil pessoas reúnem-se todas as noites na praça principal a Piazza Grande, no centro da cidade para sessões ao ar livre. O cenário de tirar o fôlego é composto por lindas casas, igrejas e um palácio histórico. Sob o céu estrelado, é possível apreciar uma combinação de lançamentos e clássicos. A 68ª edição do festival foi aberta nesta quarta-feira (05/08), com a comédia dramática americana Ricki and the Flash. O filme é do diretor Jonathan Demme, que ganhou o status de "cult" após receber um Oscar por O silêncio dos inocentes (1991). No novo filme, Meryl Streep interpreta uma estrela do rock em decadência, que entra em confronto com o próprio passado. Após desistir do marido e dos filhos para se dedicar à carreira, ela volta anos depois para visitá-los e encarar os problemas da vida real. Destaque para Fritz Bauer O filme alemão Der Staat gegen Fritz Bauer (O Estado contra Fritz Bauer, em tradução livre), exibido nesta sexta-feira na Piazza Grande, é um dos mais aguardados pelo público alemão. O ator Burghard Klaussner interpreta o legendário promotor Fritz Bauer, figura essencial no julgamento de criminosos nazistas nos anos 1950 e 1960. Na época, muitas pessoas que estavam no poder tinham servido anteriormente o regime nazista. Bauer foi contrariado e teve dificuldade para dar continuidade a seus esforços, lutando muitas vezes sozinho. Somente anos mais tarde, historiadores e políticos reconheceram a contribuição de Bauer para o estabelecimento de um sistema de Justiça democrático e justo e para o julgamento de criminosos nazistas. A corrida pelo Leopardo de Ouro A atração central do festival é o chamado Concorso Internazionale, em que 19 filmes disputam o prêmio principal do evento: o Leopardo de Ouro. Ricki and the Flash e Der Staat gegen Fritz Bauer ficaram de fora. Entre os que disputam o Leopardo de Ouro, está a coprodução germano-iraniana Ma dar Behesht (Paraíso, em português). Dirigido por Sina Ataeian Dena, o filme expõe uma visão interna da sociedade iraniana moderna. Outro concorrente é a coprodução germano-mexicana Te prometo anarquía, de Julio Hernández Cordón, que retrata dois amigos tentando sobreviver na pulsante Cidade do México. Entre os renomados diretores que participam da corrida pelo Leopardo de Ouro também estão Otar Iosseliani, da Geórgia, o polaco Andrzej Zulawski e o belga Chantal Akerman. Filmes da Rússia, Grécia, Japão, Estados Unidos, Israel, Coreia do Sul e Sri Lanka completam o programa. Em seu blog, o diretor do festival, Carlo Chatrian, comenta sobre uma tendência atual entre os cineastas: "O lar se tornou um espaço emocionalmente carregado." Ele se refere ao fato de que, em tempos de fluxos globais de refugiados, muitos filmes têm se focado nas questões de exílio e migração. Clássicos do cinema É claro que a programação de Locarno não aborda somente questões sociais atuais. O festival é conhecido por fazer retrospectivas em homenagem a grandes nomes da história do cinema. Neste ano, o festival destaca o trabalho do diretor americano Sam Peckinpah, que morreu em 1984. Seu legado inclui os filmes Sob o domínio do medo (1971) e Meu ódio será tua herança (1969), memoráveis por suas marcantes representações da violência. Brasil marca presença Na edição passada, o Brasil ganhou destaque com o filme Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro, que recebeu menção honrosa no festival. Desta vez, nenhum longa-metragem do país está na disputa pelo Leopardo de Ouro, mas ao todo oito produções brasileiras serão exibidas. Uma delas deles é o longa Heliópolis, dirigido por Sérgio Machado e estrelado por Lázaro Ramos, que interpreta um violinista que dá aulas na periferia de São Paulo. Outro destaque é o longa Olmo e a Gaivota, codirigido pela brasileira Petra Costa e pela dinamarquesa Lea Glob. O filme concorre com outros 14 títulos na seção Cineastas do presente, cujo júri é presidido pelo cineasta Júlio Bressane. A 68ª edição do festival termina no dia 15 de agosto. Autor: Jochen Kürten/ Gabriela SoutelloEdição: Luisa Frey
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