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Procuradoria Geral alemã investiga jornalistas por suposta traição

09:35 | 31/07/2015
O jornalista Markus Beckedahl, do "Netzpolitik.org"Andre Meister e Markus Beckedahl, do blog "Netzpolitik", são acusados de divulgar documentos sigilosos que revelam programas de vigilância online do governo alemäao. Esta é a primeira acusação desse tipo em 50 anos. A Procuradoria Geral da Alemanha iniciou nesta quinta-feira (30/07) investigações sobre dois jornalistas suspeitos de traição, após a divulgarem supostos segredos de Estado no blog de notícias Netzpolitik. Andre Meister e Markus Beckedahl publicaram documentos oficiais que relatavam planos do governo alemão de aumentar a vigilância nas comunicações via internet no país. Os procuradores se baseiam em dois artigos publicados no blog em fevereiro e abril, nos quais os repórteres teriam citado um relatório confidencial do Departamento Federal de Proteção à Constituição (BfV) que propunha a criação de uma nova unidade para monitorar a internet, em particular, as redes sociais. A Procuradoria Geral irá analisar se o documento era de fato um segredo de Estado, e deverá também investigar os informantes anônimos dos dois jornalistas. "Não somos testemunhas, mas na condição de cúmplices, somos tão responsáveis quanto nossas fontes anônimas", declararam os jornalistas. "Havia muito tempo que a Alemanha não tomava medidas desse tipo contra jornalistas e informantes." Caso sejam considerados culpados por traição, Meister e Beckedahl poderão receber pena de no mínimo um ano de prisão. O sindicato alemão dos jornalistas (DJV) condenou a atitude como um ataque à liberdade de imprensa. O processo judicial seria "uma tentativa inadmissível de amordaçar dois colegas de posicionamento crítico", declarou o diretor do DJV, Michael Konken, exigindo que as investigações sobre Meister e Beckedahl sejam canceladas. O Netzpolitik.org é um dos blogs mais populares da Alemanha e trata principalmente de temas relacionados ao direito digital, proteção de dados e liberdade de informação. Os dois jornalistas haviam sido elogiados por seu trabalho de reportar em tempo real a investigação de uma comissão parlamentar sobre crimes cometidos pela organização de extrema-direita NSU no país. A última acusação de traição feita a jornalistas alemães foi em 1962, após o a revista semanal Der Spiegel publicar uma reportagem acusando a Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha), de não ter competência para lidar com uma guerra nuclear. O caso resultou na renúncia do então ministro da Defesa, Franz Josef Strauss. RC/dpa/epd/ap
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