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Festival de forró na Rússia

10:22 | 03/07/2015
Evento em São Petersburgo reúne artistas europeus e brasileiros em shows, festas e workshops, que celebram o ritmo tipicamente brasileiro. Só em 2015, mais de 20 festivais do tipo vão ocorrer por toda a Europa. A cidade de São Petersburgo, na Rússia, recebe neste fim de semana a terceira edição do festival Forróaru. Durante cinco dias, o evento reúne entusiastas do ritmo tipicamente nordestino, com shows, festas e workshops. O festival foi criado em 2013 pelo russo Aleksei Kirillov, um dos pioneiros da dança no país. Ele começou a se interessar pelo forró quando estudava capoeira e entrou em contato com a diversidade da música brasileira. "Fui para Salvador em 2008 e fiz algumas aulas. Quando voltei estava bom o suficiente para ensinar. Comecei a primeira aula de forró na Rússia em 2009. Dois anos depois, havia escolas em Moscou e outras cidades do país", diz Kirillov em entrevista à DW Brasil. A ideia do Forróaru surgiu depois que o russo participou de festivais do gênero na Alemanha. "Estive com meus alunos em Stuttgart em 2011 e percebi que a comunidade do forró na Rússia tinha crescido. Essa foi a motivação para organizar um grande evento. Escolhi a primeira semana de julho porque é perto do dia de São João, uma data muito importante na cultura do forró, e é uma oportunidade das pessoas verem como São Petersburgo é bonita no verão", conta o russo. Nesse ano, além dos três dias de aulas e workshops, Kirillov organizou festas parar antes e depois dos eventos. "São cinco dias de festa. Tenho certeza que essa edição do festival será ainda mais intensa que a do ano anterior," diz o entusiasmado forrozeiro. Programa diversificado Tradicional do Nordeste brasileiro, o termo forró é usado para indicar um conjunto de ritmos com o baião, o xote e variações do próprio forró, como o pé de serra e o de marcha. O trio nordestino formado por acordeão, triângulo e zabumba são a alma de qualquer banda de forró. Nomes como Luiz Gonzaga, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo foram responsáveis pela popularização do ritmo ao redor do país. Nos anos 1990, o forró universitário, uma variação mais moderna do ritmo com elementos pop e até eletrônicos, se tornou extremamente popular. Na última década, o ritmo ganhou muito adeptos por toda a Europa. O público do Forróaru é formado majoritariamente por russos vindos de todas as partes do país. No entanto, estrangeiros também vem ganhando cada vez mais espaço no evento. "Muitos professores de diferentes partes da Europa vêm como parte do programa e trazem seus alunos. Temos também professores russos. Forró é forró em todos os lugares, mesmo com algumas diferenças regionais e estilísticas. Tudo depende da habilidade do professor", explica. A seleção musical deste ano é composta de bandas e músicos europeus e brasileiros que vivem no continente e são uma pequena amostra da grande variedade existente no estilo. Há 11 anos em Londres, o compositor e sanfoneiro baiano Zeu Azevedo coloca o público para dançar com elementos do forró tradicional. Nascido em Minas Gerais, Pablo Dias é o rei do forró universitário em Lisboa. Duas bandas russas também fazem parte do programa. Os Forrosteiros, de Moscou, e o Não é proibido, de São Petersburgo. "Formei o Não é proibido depois de minha segunda viagem ao Brasil. Faremos um show especial no festival com a participação de Pablo Dias", conta Kirillov. Forró por toda a Europa Mas não é só a Rússia que está arrastando o pé com o ritmo tipicamente nordestino. Em 2015, mais de 20 festivais de forró vão ocorrer por toda a Europa. Só na Alemanha são sete eventos em seis diferentes cidades. "O forró é fácil para se começar a dançar. É uma cultura que aceita qualquer idade, não vem com estereótipos. Você pode usar qualquer roupa, não tem uma vestimenta características. Você pode ir do jeito que você estiver se sentindo bem", diz Carlos Frevo, organizar do Psiu, festival de forró em Berlim que ganhou sua terceira edição em janeiro desse ano. Nos mesmos moldes do festival russo, o Psiu reúne anualmente na capital alemã os amantes do ritmo de toda a Europa, além de também dar espaço para outros ritmos tradicionais brasileiros como o frevo e o samba. "Os professores que trabalham com forró na Europa são muito unidos. Divulgamos a cultura brasileira com muito amor. Esse modelo de festival geralmente acontece sem patrocínio e funciona através da mobilização das pessoas", explica o pernambucano, que ensina danças brasileiras em Berlim desde 2004. Autor: Marco Sanchez
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