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Embaixadas abrem novo capítulo das relações Cuba-EUA

16:15 | 20/07/2015
Bandeira cubana em frente à nova embaixada do país em WashingtonReabertura de representações diplomáticas em Havana e Washington marca normalização das relações bilaterais, após mais de cinco décadas de hostilidades mútuas. Passo deve beneficiar ambos os países, dizem especialistas. Uma nova era das relações Cuba-EUA teve início nesta segunda-feira (20/07) com a reabertura de embaixadas em Havana e Washington, em substituição a seções de interesses. A medida faz parte dos esforços do governo do presidente Barack Obama para normalizar os laços entre os dois países. Para Wayne Smith, diretor da Seção de Interesses Americanos em Havana de 1979 a 1982, a retomada das relações diplomáticas entre Washington e Havana é "uma mudança radical, mas muito positiva". "Os Estados Unidos vinham seguindo um caminho extremamente contraproducente. Em vez de tentarmos nos conectar ao longo do tempo com Cuba, recusamos todas as oportunidades", afirma. Embora apenas 145 quilômetros de água separem o Estado insular da ponta sul da Flórida, durante mais de cinco décadas todos os contatos diplomáticos entre os dois países estiveram congelados. Surpreendentemente, os EUA mantiveram uma presença diplomática considerável na capital cubana nos últimos anos, empregando cerca de 50 funcionários americanos e 300 cubanos. Segundo Dan Restrepo, ex-consultor de Obama sobre política para Cuba, a Seção de Interesses Americanos, sediada no antigo prédio da embaixada, é o maior agrupamento diplomático do país. Ainda não está claro quais são os planos do Departamento de Estado americano para a futura missão e funções da embaixada. As decisões nessa área dependem de fundos atualmente em mãos do Congresso. Oposição republicana Depois que, em 17 de dezembro de 2014, Obama anunciou sua intenção de retomada de relações, a reação contrária do Congresso não tardou. A especialista em assuntos cubanos Ana Quintana, do think tank de direita Heritage Foundation, ratifica as críticas ao líder democrata. "Como parte de sua oferta de normalização com o regime Castro, o presidente fez àquela ditadura mais uma de uma série de concessões perigosas." Ela ataca Obama pela forma como ele teria "relaxado drasticamente as sanções, feito lobby no Congresso para a suspensão do embargo e retirado Cuba da lista dos Estados que patrocinam o terrorismo". Na opinião de Smith, entretanto, o novo curso de Obama em relação a Cuba corresponde à realidade política atual. "Quando começamos a política [de embargo], lá nos anos 60, o México era o único país latino-americano que mantinha relações comerciais com Cuba. Mas em 2014, eram os EUA que estavam isolados: todos os países do hemisfério haviam estabelecido relações diplomáticas para o comércio com Cuba." Os apoiadores da política de Obama são maioria entre os americanos. Segundo o Pew Research Center, 63% da população são a favor de laços mais fortes com Cuba. Ainda assim, a oposição não se deixa impressionar: os republicanos, que dominam a Câmara dos Representantes, anunciaram a intenção de barrar as iniciativas presidenciais em direção a Havana. Contudo, a questão é o que eles realmente podem fazer. "Embora o Congresso possa votar contra a indicação de um embaixador ou bloquear apropriações suplementares, necessárias à abertura da embaixada, não há nada que possam fazer para impedir que o governo coloque um letreiro na frente dizendo 'embaixada'", explica Eric Hershberg, diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos e Latinos da American University em Washington. Quanto ao futuro embaixador americano em Havana, há grande probabilidade de que a administração Obama aponte Jeffrey DeLaurentis, chefe de missão da Seção de Interesses Americanos. Hershberg prevê que o Senado se recusará a considerar a indicação e que DeLaurentis "vai continuar como chefe de missão em Havana numa embaixada, mas numa em que ele não terá status formal de embaixador". Benefícios mútuos Enquetes do Pew Research Center também mostram que 66% da população americana são a favor do fim do embargo comercial a Cuba. Entretanto, entre especialistas predomina o ceticismo de que o bloqueio vá algum dia ser suspenso. Segundo observadores em Washington, o Congresso não realizará uma votação nesse sentido, apesar de incentivado pelo governo a fazê-lo. Na atual situação eleitoral, é altamente improvável que os republicanos venham a perder a maioria no Congresso e, enquanto a tiverem, eles sustentarão as sanções comerciais, afirma Hershberg. "A menos que haja uma mudança de governo em Cuba. Mas não vai haver, portanto, não espero que vejamos uma suspensão formal do embargo nos próximos cinco anos, no mínimo", diz. Independente do embargo, as vidas dos cidadãos cubanos vão mudar depois da reabertura da embaixada. Smith está convencido de que a representação trará numerosas vantagens para o país. "Acredito que a abertura da embaixada beneficiará os cubanos", afirma. Autor: Shora Azarnoush (av)Edição: Luisa Frey
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