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Dupla brasileira dá a volta ao mundo em 80 videoclipes

Leo Longo e Diana Boccara estão no meio de uma jornada de 80 semanas por vários países. A cada sete dias, eles gravam e lançam um videoclipe de um artista diferente

14:43 | 11/07/2015
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O projeto Around the world in 80 music videos leva os brasileiros Leo Longo e Diana Boccara a realizar videoclipes ao redor do mundo. Além da possibilidade de experimentação artística e do intercâmbio cultural com criativos em vários países, a dupla também experimenta novas possibilidades de estrutura de trabalho e produção audiovisual.

A cada semana, eles produzem o videoclipe de um artista diferente, acompanhado de uma espécie de documentário que mostra o processo de criação e realização dos vídeos e os bastidores da viagem.

"Nós nos propusemos a fazer a primeira série global de videoclipes, nunca existiu nada parecido. No web reality contamos a história do que está acontecendo em volta e os desafios de rodar esses vídeos. E também produzimos conteúdo para as redes sociais.", diz Longo.

"Toda segunda-feira lançamos um clipe novo. Na terça é dia de blog. Dependendo do país sobra um tempo para passear e conhecer a cidade", completa Boccara.

Os artistas selecionados orbitam na esfera do rock e suas variações. Já os videoclipes são todos feitos em plano-sequência, com apenas uma tomada, sem cortes, o que agiliza a gravação e finalização.
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Mercado em mutação
A dupla se conheceu quando ambos trabalhavam para um popular reality show no Brasil. Longo era diretor e Bocarra era assistente de roteiro. Paralelamente, eles também trabalhavam com comerciais, vídeos institucionais e videoclipes. "Sempre tivemos um pé na produção independente. Sentimos a necessidade de fazer um projeto mais autoral", diz o diretor.

A ideia para o projeto nasceu quando o casal fazia uma viagem pelo sul dos Estados Unidos. "Descemos o rio Mississipi visitando o berço do rock, do blues e do jazz, o que nos inspirou a unir a questão da produção audiovisual com a música e a estrada. Queríamos mostrar que esses mercados estão em mutação e unir isso a um projeto inédito e pioneiro", explica Longo.

"O projeto é possível graças à plataforma do Youtube, porque ela é global. Todo mundo tem acesso. Chegamos a todos os lugares sem barreiras com o videoclipe", afirma Boccara.

Além da plataforma global, a dupla também se beneficia da facilidade na produção de um videoclipe. Hoje os equipamentos são menores, mais leves e mais baratos, além da finalização ser possível em qualquer laptop.

"Esse projeto não seria possível há dez anos. Hoje, o próprio consumidor produz e distribui seu conteúdo. Somos personagens da nossa própria história", diz Longo.

Colaboração criativa
O projeto começou no Brasil, em março desse ano, onde durante dez semanas a dupla produziu dez vídeos para artistas como Pato Fu, Vanguart, Bidê ou Balde, Brothers of Brazil e Móveis Coloniais de Acaju.

A segunda etapa do projeto levou a dupla para a Europa, onde, até outubro, eles vão realizar vídeos com artistas em Portugal, França, Itália, Suíça, Alemanha, Irlanda e Reino Unido.

"Costumo ser um pouco obcecado com os pormenores, e encontrei no Leo e na Diana a mesma vontade de atingir a perfeição, de querer fazer sempre melhor. Rapidamente nos tornamos verdadeiros amigos", diz o português David Santos, do Noiserv, a primeira banda com a qual a dupla trabalhou fora do Brasil.

Essa química criativa pode ser vista no vídeo da delicada I'm not afraid of what I can't do, em que o músico interage consigo próprio, em diferentes perspectivas, sob a ponte 25 de Abril, em Lisboa.

Para Santos, participar do projeto foi uma forma de chegar a outros públicos, países, e músicos. "Acho que o Leo e a Diana estão a criar uma ligação, mesmo que virtual, entre músicos de todo o mundo. Eu próprio já conheci muita música nova por causa deles."

Do próprio bolso
Depois de 17 clipes, a dupla está confiante no projeto e satisfeita com o processo colaborativo com os artistas. Apesar da ajuda dos participantes e do apoio de algumas companhias, ele estão bancando do próprio bolso grande parte de Around the world in 80 music videos.

"Agora estou vendo que é um modelo de negócio viável para produzir conteúdo de forma independente e colaborativa. Isso é muito legal e motivador. O projeto ainda não está se pagando, mas se não conseguimos equilibrar as contas hoje, conseguiremos amanhã. Temos dinheiro para viver até fevereiro, depois precisamos encontrar formas de viabilizar o resto da viagem. Mas quem de nós tem dinheiro agora para viver até outubro de 2016?", questiona o diretor.

Depois de Europa, Around the world in 80 music videos deve passar por Marrocos, Índia, Coreia do Sul, Hong Kong, Filipinas, Austrália, Estados Unidos, México e Argentina.

 

 

Autor: Marco Sanchez/AFP
Edição: Alexandre Schossler

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