PUBLICIDADE
Notícias

"Destroço ajuda, mas não esclarece mistério do MH370"

09:36 | 30/07/2015
Especialista diz que, com peça achada no Índico, é possível apenas confirmar que avião de fato caiu. Segundo ele, próximo passo é avaliar correntes marítimas para tentar encontrar outros pedaços. Uma descoberta realizada na quarta-feira (29/7) pode ser o início da elucidação de um dos mais intrigantes mistérios da história da aviação. Parte da asa do voo MH370 da Malaysia Airlines, desaparecido há 16 meses quando se deslocava de Kuala Lumpur para Pequim com 239 pessoas a bordo pode ter sido encontrada na ilha francesa de Reunião, próxima a costa africana do Índico. A peça encontrada tem dois metros e suspeita-se que seria da asa do avião. Em entrevista à DW, o especialista em aviação Heinrich Grossbongardt explica que, se os destroços forem do MH370, uma análise das correntes oceânicas deve também dar pistas que indiquem, por exemplo, onde as outras partes devem ser procuradas. Segundo ele, um único destroço, no entanto, não será suficiente para esclarecer a tragédia. DW: Se os destroços encontrados em Reunião forem de fato de um Boeing 777, qual a probabilidade de pertencer ao MH370? Heinrich Grossbongardt: Se for confirmado que os destroços realmente pertencem ao 777, nós podemos considerar que é bem possível ser uma parte do avião desaparecido da Malaysian Airlines. Teoricamente, pode ser uma peça sobressalente, mas coisas como essas não se perdem sem serem notadas. Não se trata de uma produção em massa. Todo 777 tem duas dessas peças, além de outras sobressalentes. Se a peça corresponder ao MH370, é possível que as correntes oceânicas a tenham deslocado para 4 mil milhas longe do ponto onde o avião foi registrado pelos radares pela última vez? A circulação geral das águas no Oceano Índico permitiria muito bem que esta peça fosse transportada da costa australiana para a ilha de Reunião. Existe uma ampla corrente que circula no sentido anti-horário. Do oeste da Austrália, ela move-se para o Norte. Então segue a linha do Equador, movendo-se ao Sul pela costa do Madagáscar. Caso seja confirmada, a descoberta poderia ser a evidência física de um acidente aéreo muito provavelmente ocorrido ao sul do Equador, embasando o cálculo da rota do voo baseado em dados de satélite. Como as autoridades serão capazes de confirmar que esses destroços realmente pertencem ao MH370? Todas as partes do avião têm uma chapa de identificação com número de série e informações adicionais. Isso permitiria o rastreamento por parte dos investigadores. Existe um sistema contábil minucioso sobre todas as partes usadas em uma aeronave durante o seu tempo de uso. O que esta peça pode revelar aos investigadores sobre o que aconteceu com o avião? A peça levada pelo mar à Reunião parece um flaperon, que é uma superfície de controle no bordo de fuga da asa, atrás dos motores. Seria a primeira evidência de que o MH370 se desintegrou. Nada mais nada menos do que isso. Mas para as famílias que perderam os seus entes queridos, isso vai ser muito importante. Isso pode revelar alguma coisa sobre onde o avião deve ter caído ou a causa da queda? Uma parte única como essa não vai nos contar toda a história por trás dessa tragédia, mas poderia esclarecer um pouco sobre o acidente. Primeiro, uma análise de danos deve trazer indicações gerais como a intensidade e a direção de forças que separaram a peça da asa. Acima de tudo, uma análise dos organismos marinhos encontrados nela, assim como um exame das correntes marítimas nos últimos 15 meses, podem permitir que os cientistas estimem de onde a peça veio e onde procurar o resto da aeronave. Como a descoberta afetaria a investigação e os atuais esforços de busca? Para a investigação é importante ter esse tipo de evidência física e ser capaz de analisá-la. Mas eu não espero que isso tenha um impacto maior. Autor: Gabriel Domínguez (mp)Edição: Rafael Plaisant
TAGS