Opinião: Grécia escolhe o fim para si
Os europeus tentaram de tudo, mas o comportamento de Atenas permaneceu suicida. Agora, independente do resultado do referendo, bancarrota estatal e saída da eurozona são inevitáveis, opina o articulista Bernd Riegert.Ao que tudo indica, o governo grego vem acalentando ideias suicidas. Seu primeiro-ministro, o radical de esquerda Alexis Tsipras, que traiçoeiramente só negociava
de
fachada com os credores internacionais em Bruxelas, conclama seu povo a rejeitar a
proposta de consenso do FMI, BCE e Comissão Europeia, num referendo marcado de
surpresa.
Um procedimento tão atrevido assim e a escolha de termos do chefe de governo,
inteiramente inapropriada à questão, são de deixar a pessoa sem palavras. Os países do
Eurogrupo torceram e esticaram as próprias regras, a fim de ganhar tempo para a trupe
caótica em Atenas e possibilitar a permanência do país na zona do euro. Eles estão
dispostos a, mais uma vez, jogar dinheiro num poço sem fundo, para que se possam iniciar
as necessárias reformas na Grécia. Obviamente todo esse trabalho foi em vão.
Agora a exigência do governo grego, acompanhada de ofensas aos credores,é de um
financiamento intermediário até o referendo, daqui a oito dias, além de ainda mais créditos
de emergência do Banco Central Europeu, para que o seu sistema bancário não afunde. E
tudo isso sem condições nem exigências.
Nunca houve, na história da União Europeia, uma chantagem tão descarada assim, depois
de dias de intensa busca de um consenso. Os demais Estados-membros – e também o
Parlamento alemão – simplesmente não podem admitir uma coisa dessas.
O que acontece se o povo grego recusar de vez a oferta das instituições europeias e do
FMI? Segue-se, inevitavelmente, a falência estatal e o abandono da União Monetária pelo
país.
O que acontece se o povo aceitar a oferta, contra a vontade do governo? Continua havendo
a ameaça de bancarrota e saída, pois mesmo os credores mais bem intencionados jamais
conseguirão implementar um programa de ajuda financeira com um governo tão carente de
credibilidade ou seriedade em Atenas. Pois também as novas medidas de apoio precisam
de reformas – essas que Tsipras rejeita –, as quais exigem controles – pelas instituições
que seu governo tanto quer expulsar da Grécia.
O que acontece se os europeus e o BCE já encerrarem o programa de resgate na próxima
terça-feira, 30 de junho, e suspenderem todos os pagamentos à Grécia? Segue-se a
falência estatal e, após algum tempo, infalivelmente, a saída de fato da zona do euro.
Por mais que se vire e revire a situação, a corda no pescoço dos gregos está se apertando.
Eles percebem isso, tentam sacar seu último centavo. Os europeus, que agora já
extrapolaram realmente demais o próprio papel, não podem aceder às impossíveis
exigências de Atenas. Quem não aceita ajuda, tem que ir.
O premiê britânico, David Cameron, tem razão ao dizer que isso seria a melhor coisa. O
prepotente Alexis Tsipras arrasta o país para o precipício, exato como na tragédia grega,
onde o herói morre no fim. Para os credores, essa desordenada saída dos gregos da União
Monetária Europeia vai sair cara, muitos créditos estarão perdidos. Enquanto membro da
UE, o país seguirá necessitando de ajuda humanitária.
Ainda assim, é com o coração pesado que eu digo: Chega, Grécia! Está na hora de sair de
cena.
Autor: Bernd Riegert