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Investigação sobre padres pedófilos na Austrália cria conflito no Vaticano

Uma comissão criada em 2013 examina agora os crimes de Gerald Ridsdale, um padre condenado por ter agredido sexualmente 50 meninos

08:58 | 01/06/2015
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O ex-líder da Igreja católica australiana George Pell ameaçou nesta segunda-feira, 1°, processar um membro da comissão vaticana de proteção de menores que o acusou de querer acobertar escândalos de pedofilia em seu país.

O cardeal australiano se declarou disposto a comparecer ante a comissão de investigação que analisa há meses os abusos sexuais cometidos pela Igreja na Austrália nos anos 1970, depois que a vítima de um padre pedófilo de seu país o acusou de querer comprar seu silêncio.

Embora Pell tenha negado os fatos, Peter Saunders, membro da comissão vaticana de proteção de menores, o criticou duramente em uma entrevista divulgada no domingo pelo canal australiano Nine. O cardeal australiano agiu com "frieza e indiferença, diria inclusive que como um sociopata", em relação às vítimas de agressões sexuais, declarou o britânico, que exigiu a renúncia do tesoureiro.

"George Pell é cardeal da Igreja e sua autoridade é, portanto, imensa no Vaticano. Seria uma enorme pedra no sapato do papa Francisco se fosse autorizado a permanecer em seu cargo", acrescentou Saunders, que foi vítima de abusos sexuais durante sua infância. "É vital que seja afastado, reenviado à Austrália e que o Papa tome as medidas mais severas contra ele", acrescentou.

A secretaria de Pell declarou em um comunicado que "o cardeal não tinha outra opção a não ser consultar seus advogados" após estas "alegações falaciosas". Suas primeiras medidas como arcebispo foram "colocar em andamento procedimentos para apresentar denúncias e realizar investigações independentes", afirma o comunicado.

A comissão de investigação australiana criada em 2013 examina agora os crimes de Gerald Ridsdale, um padre condenado por ter agredido sexualmente 50 meninos entre os anos de 1950 e 1980, em várias igrejas do Estado de Victoria, no sul da Austrália. O religioso abusou inclusive de seu sobrinho David Risdale, que tinha 11 anos no momento do crime. Este último declarou ante a comissão que havia explicado o ocorrido a Pell, um amigo da família, em 1993.
Segundo seu testemunho, o cardeal australiano lhe perguntou na época quanto custaria seu silêncio.

David Risdale também acusa Pell de ter protegido seu tio, transferindo-o várias vezes de uma igreja para outra. O tesoureiro do Vaticano negou categoricamente ter tentado comprar o silêncio da vítima, e Gerald Risdale declarou que não havia tido muito contato com Pell.

AFP
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