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Protestos ameaçam acirrar crise na Macedônia

13:33 | 15/05/2015
Oposição convoca manifestação e promete só deixará as ruas após renúncia do governo nacionalista, que também mobiliza partidários. Ex-república iugoslava vive sua maior turbulência política desde a independência. A maior crise política na República da Macedônia desde sua independência da Iugoslávia ameaça atingir seu ápice neste domingo (17/05), com o que a oposição espera ser um ato derradeiro contra o primeiro-ministro nacionalista Nikola Gruevski: um protesto de larga escala pedindo a sua renúncia. "O protestos só terminarão quando o governo renunciar", disse o social-democrata Zoran Zaev, líder da oposição. Durante o fim de semana passado, confrontos terminaram com a morte de 22 pessoas oito delas policiais na cidade de Kumanovo, reduto da minoria étnica albanesa. A violência foi o último capítulo da uma escalada de instabilidade iniciada em fevereiro, após as denúncias, feitas pela oposição, de uma operação de larga escala de espionagem por parte do governo, que, por sua vez, diz ser alvo de uma tentativa de golpe. Os oposicionistas vêm realizando há semanas protestos pela renúncia do primeiro-ministro, o qual acusam de fraudar as eleições e de abusos de poder contra a minoria étnica. Cenário político dividido A cena política macedônia se encontra profundamente dividida desde a independência, em 1991. De um lado, estão os apoiadores do conservador e nacionalista Partido Democrático pela Unidade Nacional Macedônia (VMRO), e do outro os adeptos da União Social-Democrata da Macedônia (SDSM), sucessor do antigo Partido Comunista. Porém, o escândalo de espionagem envolvendo o governo vem mobilizando uma terceira parte, jovem e praticamente apartidária, que foi às ruas em 5 de maio contra o primeiro-ministro. Durante o protesto, pelo menos 30 policiais ficaram feridos e mais de 40 pessoas foram presas. Eles prometem se manifestar novamente neste domingo. Numa tentativa de aplacar a tensão, Gruevski demitiu três aliados próximos, considerados a espinha dorsal de seu governo, iniciado em 2006: o ministro do Interior, Gordana Jankuloska; o ministro do Transporte, Mile Janakieski; e o chefe do serviço secreto e seu primo, Saso Mijalkov, tido como uma das figuras mais poderosas do país. "As demissões corroboram a imagem de Gruevski como um líder forte, que não sucumbe à pressão, não aceita pedidos de renúncia e está preparado para se sacrificar para um bem maior", opina Arsim Zekoli, ex-diplomata e analista político. Para os opositores, que boicotam o Parlamento desde as eleições de 2014, as quais consideram fraudulentas, as demissões não são suficientes. Eles querem o estabelecimento de um governo interino, a renúncia de Gruevski e a organização de um novo pleito. Apoio à renúncia Tal cenário vem encontrando apoio cada vez maior no exterior. Em conversa com Gruevski no domingo passado, o premiê búlgaro, Boyko Borisov, pediu que ele considere renunciar. O apelo foi defendido também pelo alemão Alexander Graf Lambsdorff, vice-presidente do Parlamento Europeu. "Gruevski tem que renunciar, porque ele é um obstáculo ao relaxamento das tensões interétnicas e a novas eleições, que deveriam acontecer em condições democráticas adequadas", afirmou Lambsdorff, do Partido Liberal Democrático (FDP). Os últimos gestos de Gruevski, no entanto, dão a entender que ele tem outros planos. Na quarta-feira, um dia após o afastamento de seus três aliados, a imprensa local noticiou que o premiê pretende mobilizar 100 mil pessoas num contraprotesto no domingo. Ao mesmo tempo, a mídia pró-governo lançou uma campanha acusando Zaev, como prefeito da cidade de Estrúmica, de aceitar 200 mil euros de suborno. O líder opositor nega as acusações e alega que o vídeo divulgado como prova não é nem da polícia, nem do Ministério Público. A acusação não é a primeira da carreira política de Zaev. Em 2008, ele foi indiciado e preso por supostamente desviar 5 milhões de euros dos cofres públicos. O caso só foi encerrado com o perdão do então presidente e seu correligionário, Branko Crvenkovski. Autor: Boris Georgievski, de Skopje (rpr)
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