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CBF diz que apoia investigações sobre corrupção na Fifa

17:12 | 27/05/2015
Ex-presidente da CBF José Maria Marin foi detido pela polícia suíça em ZuriqueNova gestão está comprometida com a verdade e a transparência, afirma confederação brasileira. Romário parabeniza autoridades americanas pela prisão de "ladrões". Após a operação policial que resultou na prisão do ex-presidente da CBF José Maria Marin na Suíça, de mais cinco dirigentes da Fifa e de um funcionário da Concacaf, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) emitiu um #.VWX9XRDA29U:comunicado#, nesta quarta-feira (27/05), dizendo apoiar as investigações e afirmando que a nova gestão, iniciada em 16 de abril, está comprometida com a "verdade e a transparência". A CBF também comunicou que "aguardará, de forma responsável, sua conclusão [do caso], sem qualquer julgamento que previamente condene ou inocente". No entanto, cartolas da entidade que rege o futebol brasileiro disseram não acreditar que a prisão de Marin acarretará grandes consequências. "Não acredito que terá nenhuma implicação na CBF [a prisão de Marin]. São fatos do passado. A nova gestão que assumiu tem um compromisso com o presente e o futuro. Vice na CBF não tem funções. É uma função política", declarou o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, ao portal esportivo ESPN.com.br, reiterando que a confederação está sob nova gestão. Segundo Feldman, o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, também está na Suíça, dando assistência ao seu antecessor Marin. Del Nero se limitou a colocar a culpa sobre os "contratos suspeitos" na gestão de seu antecessor, Ricardo Teixeira. Marin, atualmente no cargo de vice-presidente da CBF e responsável pela região Sudeste, assumiu a confederação em 2012, depois da renúncia de Teixeira. O vice-presidente Delfim Peixoto Filho, responsável pela região Sul, disse ter estranhado a prisão de Marin e acusou os Estados Unidos de terem interesse na eleição presidencial da Fifa, agendada para esta sexta-feira. "Esse é um assunto de dez anos atrás [os supostos crimes cometidos]. Outros brasileiros tiveram envolvidos seus nomes no passado e até hoje não vi nada que comprovasse. Eu faço parte desse grupo de renovação. O que estranho é isso [prisão] acontecer exatamente na eleição da Fifa. Existem interesses muito grandes. Os Estados Unidos têm interesse nessa eleição. Acho que não se pode ainda e não se deve tomar posição nenhuma de apontar culpados. Eu conheço o Marin há mais de 40 anos e não tem nada debaixo do tapete", disse Peixoto, também em entrevista ao ESPN.com.br. Romário parabeniza FBI por prisão de "ladrões" Se a reação dentro da entidade máxima do futebol brasileiro é diplomática e comedida, outros setores políticos, esportivos ou empresariais emitiram críticas mais vorazes ao mais novo escândalo na Fifa. O senador e ex-jogador Romário aproveitou uma audiência pública no Senado para parabenizar as autoridades americanas e pediu que o atual presidente da CBF, Del Nero, deixe o cargo. "Muitos corruptos e ladrões foram presos na Suíça, inclusive um dos maiores: José Maria Marin. Quero parabenizar o FBI. Essa prisão é o início de um grande futuro para o futebol", discursou. "Espero que a investigação limpe definitivamente o futebol desses corruptos, como Marco Polo Del Nero. A situação do futebol brasileiro é culpa dessas pessoas, que não estão nem um pouco interessadas em ajudar. Só pensam no dinheiro", completou Romário. Del Nero, no entanto, não foi citado na investigação. O escândalo também repercutiu no principal movimento que reivindica melhorias e modernização no futebol brasileiro, o Bom Senso F.C. O ex-jogador Alex, um dos líderes do movimento, pediu em sua conta no Instagram que Del Nero retire o nome de Marin da sede da CBF, classificando o letreiro de "piada de mau gosto". "O futebol brasileiro clama por mudanças. Estamos há quase dois anos em luta por isso. Precisamos do apoio dos amantes do futebol. Nunca tivemos um cenário tão forte para mudanças: 7 a 1 na Copa, vice-presidente da CBF preso, clubes endividados. O que precisa mais? A aprovação da MP-671 é um bom caminho para a mudança. Refinancia a dívida dos clubes, fair play financeiro e democracia nas entidades", cobrou Alex. Reações na Alemanha Mundo afora, órgãos, dirigentes e até a principal patrocinadora da Fifa defenderam mais transparência dentro da entidade máxima do futebol mundial. A companhia alemã de material esportivo Adidas pediu que a Fifa se esforce mais para estabelecer padrões éticos e de transparência. "O grupo Adidas está totalmente comprometido em criar uma cultura que promova os mais altos padrões de ética e esperamos o mesmo de nossos parceiros", disse a empresa em comunicado. A Adidas, associada à Fifa desde 1950, já havia expressado preocupações em junho do ano passado por alegações de corrupção ligadas à escolha do Catar como sede da Copa do Mundo de 2022. O presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Wolfgang Niersbach, e o presidente da Liga Alemã de Futebol (DFL), Reinhard Rauball, também comentaram as prisões na Suíça. "O que aconteceu em Zurique, poucos dias antes do Congresso da Fifa, é chocante e prejudicial para todo o futebol", disse Niersbach. Já Rauball foi mais crítico: "As coisas que foram reveladas hoje estão além de qualquer capacidade de imaginação. Sepp Blatter diretamente envolvido ou não deve fazer um favor ao futebol. As coisas não podem continuar como estão", disse, reivindicando a saída de Blatter da presidência da Fifa. A renúncia também foi pedida pela organização não governamental Transparência Internacional, além do adiamento da eleição presidencial. "Os sinais de aviso para a Fifa estão por aí há muito tempo. A Fifa se recusou a acatar muitas medidas básicas de boa governança que reduziriam o risco de corrupção", afirmou o diretor administrativo da ONG, Cobus de Swardt. A Transparência Internacional diz ter realizado uma enquete sobre a eleição presidencial na Fifa, que contou com 35 mil votos de 30 países. Como resultado, 80% dos entrevistados pediram a saída de Blatter, e 69% disseram que não tinham confiança na entidade que rege o futebol mundial. Autor: Philip VerminnenEdição: Alexandre Schossler
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