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Brasileiros no centro do escândalo de corrupção da Fifa

18:11 | 27/05/2015
Ex-presidente da CBF José Maria Marin, dono da Traffic, José Hawilla, e intermediário José Margulies estão entre os acusados pela Justiça dos EUA. Americanos vão pedir colaboração das autoridades brasileiras. Com três envolvidos o ex-presidente da CBF José Maria Marin, o dono da empresa de marketing esportivo Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro) o Brasil é um dos países com maior número de acusados no escândalo de corrupção envolvendo pagamentos de propinas em troca de contratos de marketing e direitos de transmissão de torneios de futebol. Além dos direitos televisivos e de comercialização do torneio de clubes Copa do Brasil, o Departamento de Justiça dos EUA anunciou, nesta quarta-feira (27/05), estar investigando também o contrato comercial entre a CBF e a empresa de material esportivo Nike. Segundo a Justiça americana, Marin teria recebido propina de 2 milhões de reais por ano da Traffic, maior empresa de marketing esportivo da América Latina e dona dos direitos da Copa do Brasil. "Entre 1990 e 2009, a Traffic acertou uma série de contratos com a CBF, a federação brasileira de futebol, para adquirir direitos comerciais da Copa do Brasil, um torneio anual com clubes brasileiros", diz o documento da investigação da Justiça dos Estados Unidos. Em cooperação com as autoridades americanas, Hawilla, que se declarou culpado no fim de 2014, detalhou o esquema de pagamento de propinas para ao menos três altos dirigentes da CBF para dividir os direitos sobre o torneio. O relatório, no entanto, não cita os nomes dos outros cartolas brasileiros, apenas referidos como "co-conspiradores". A Traffic também teve exclusividade na comercialização dos direitos internacionais televisivos da Copa do Mundo, e Hawilla foi responsável pelo fechamento do contrato entre a CBF e a Nike, em 1996, negociação que posteriormente foi alvo de uma CPI no Brasil, encerrada em junho de 2001. A nota divulgada, a Justiça americana afirmou que também está investigando um suposto pagamento e recebimento de suborno num patrocínio "da CBF com uma grande empresa de roupas esportivas dos Estados Unidos". Entenda o esquema de propinas Segundo a denúncia, o esquema envolvia sempre três partes: os cartolas das federações esportivas, as empresas de marketing esportivo e as empresas de transmissão televisiva e patrocinadores de eventos. Os cartolas vendiam os direitos de marketing e transmissão das competições às empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio dos cartolas mediante pagamento de propinas, que fluíam através de intermediários um dos suspeitos é justamente Margulies. Então as empresas de marketing esportivo revendiam os direitos de marketing e transmissão para as emissoras e os patrocinadores. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares ao longo de 24 anos. Mas por que a investigação está sendo realizada por órgãos americanos? A Traffic Sports International Inc. e Traffic Sports USA Inc., ambas com sede na Flórida e envolvidas no esquema de corrupção, são subsidiárias da Traffic, de Hawilla. Pagamentos, subornos e propinas foram realizados através de bancos americanos, ou seja, a lavagem de dinheiro passa pelos Estados Unidos. O promotor-geral de Nova York, Kelly Currie, afirmou que a Justiça americana enviará documentos ao Brasil e pedirá a colaboração dos brasileiros nas investigações. EUA quer "limpar o futebol" e Suíça abre investigação paralela As autoridades americanas garantiram que a operação que prendeu o ex-presidente da CBF e outros seis dirigentes do futebol mundial é apenas o início de uma investigação maior e que o objetivo é "limpar de vez o futebol". Paralelamente ao processo judicial nos EUA, o Ministério Público da Suíça anunciou nesta quarta-feira ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas do Mundo de 2018 (Rússia) e 2022 (Catar). Embora tenha sido tornada pública apenas agora, a investigação já está em andamento desde o último dia 10 de maio. Autor: Philip VerminnenEdição: Alexandre Schossler
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