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Atentado contra xiitas no Paquistão deixa pelo menos 43 mortos

11:29 | 13/05/2015

Pelo menos 43 pessoas morreram nesta quarta-feira, 13, em um ataque, reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) e por uma facção dos talibãs, contra um ônibus que transportava muçulmanos xiitas em Karachi, a principal cidade do sul do Paquistão.

O EI reivindicou o ataque em um comunicado publicado em sites jihadistas. Esta é a primeira vez que o Estado Islâmico reivindica uma ação na região Paquistão-Afeganistão.

Algumas horas antes, a facção Jundula, um braço dos talibãs do Paquistão, também reivindicou o massacre. A polícia informou que encontrou folhetos na área do ataque que atribuem a ação ao EI.

Segundo a polícia, 16 mulheres estão entre as vítimas fatais do ataque contra a minoria muçulmana xiita, que representa quase 20% da população do Paquistão, um país de maioria sunita de quase 200 milhões de habitantes.

Seis homens armados, que estavam de moto, abriram fogo contra um ônibus que transportava quase 60 membros da comunidade ismailita, uma corrente minoritária do islã xiita. "Os criminosos chegaram em três motos. Eles começaram com tiros contra o motorista. Quando o ônibus parou, eles abriram fogo contra os passageiros de forma indiscriminada", disse Najeeb Ahmed Khan, comandante da polícia local.

"Os alvos do ataque eram, sem dúvida, ismailitas inocentes", confirmou à AFP Ghulam Haider Jamali, chefe de polícia da província de Sind, que tem Karachi como capital.
Os autores do atentado usavam pistolas de 9 mm, segundo Jamali, que acusou "terroristas" e "extremistas" pelo ataque.

 

Familiares buscam por sobreviventes em hospitais

 

Após o ataque, os parentes das vítimas correram para os os hospitais com a esperança de encontrar sobreviventes ou para recuperar os corpos dos falecidos.
O massacre foi condenado pelo primeiro-ministro Nawaz Sharif e pelo comandante do exército paquistanês, Raheel Sharif. O governo provincial decretou um dia de luto.

Um porta-voz da facção Jundula, que já reivindicou vários ataques no país, incluindo o atentado em uma igreja de Peshawar que matou 81 cristãos em 2013, afirmou que o grupo é responsável pela ação desta quarta-feira.

Em declarações por telefone de um local não revelado, Ahmed Marwat afirmou que foram quatro, e não seis, os combatentes que participaram no ataque.
"Os xiitas e os ahmadis são infiéis, são apóstatas e merecem a morte", disse.
As autoridades sabem muito pouco sobre o Jundula, mas acreditam que têm como base as áreas tribais do país e algumas partes de Karachi, uma cidade de quase 20 milhões de habitantes.

Ao mesmo tempo, o EI também reivindicou a autoria do ataque, em um comunicado publicado em sites jihadistas.

Antes do grupo jihadista divulgar o anúncio, um oficial das forças de segurança mostrou a um correspondente da AFP a cópia de um panfleto recolhido na cena do crime que cita a responsabilidade do EI.

 

Em janeiro, ataque contra xiitas deixou 60 mortos

 

O atentado de Karachi é o mais violento desde um ataque no fim de janeiro contra os xiitas em Shikarpur, uma pequena cidade na mesma província de Sind, que deixou mais de 60 mortos.

Nos últimos anos os ataques aumentaram contra os xiitas, que os extremistas sunitas acusam de tentar importar a "revolução iraniana" ao Paquistão e de seguir uma corrente afastada de uma suposta ortodoxia muçulmana.

As autoridades intensificaram a luta antiterrorista desde que os talibãs mataram 154 pessoas em uma escola de Peshawar (noroeste), em sua maioria estudantes.

O governo suspendeu a moratória sobre a pena de morte, que estava em vigor desde 2008, e executou mais de 100 condenados à pena capital, uma medida que as organizações de defesa dos direitos humanos consideram ineficaz para dissuadir os extremistas.

 

AFP

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