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Saiba por que a Indonésia não executou a única mulher entre os condenados

''Como mãe, tenho duas crianças que ainda são pequenas e precisam do amor de uma mãe'', disse a mulher em carta ao presidente indonésio

17:26 | 28/04/2015
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O governo da Indonésia executou sete dos oito condenados por narcotráfico dentro do país. Dos que foram fuzilados na tarde desta terça-feira, 28, está o brasileiro Rodrigo Gularte. No entanto, algo chamou atenção, já que no último minuto as autoridades indonésias decidiram poupar a vida de Mary Jane Veloso, de 30 anos, das Filipinas, única mulher dos oito presos.

Mary Jane é mãe de dois filhos e teve uma vida difícil, segundo seus familiares. Ela deixou a escola quando ainda estava no ensino fundamental, casou-se aos 16 anos, mas foi abandonada pelo marido com os dois filhos pequenos e sem condições para criá-los.

Em entrevista ao The New York Times, a irmã de Mary, Marites Laurente disse que a renda dependia da venda de lixo encontrado pela rua. “Nós vivíamos de recolher garrafas e latas na rua para vender para a reciclagem", disse. Eles moravam em uma casa de madeira, na estrada, em Cabanatuan, cidade próxima da capital Manila.

[SAIBAMAIS3]
Em 2010, ela recebeu uma oferta de emprego como empregada doméstica na Malásia e como não havia uma exigência para o cargo, Mary aceitou, diante da necessidade.

Segundo a família, ela colocou todos seus pertences em uma mochila infantil e viajou junto com a recrutadora para Kuala Lumpur. Depois de chegar ao local de destino, Mary foi avisada que o emprego havia sido cancelado, mas que havia outra vaga, para o mesmo tipo de trabalho, na Indonésia.

De acordo com os familiares, a recrutadora comprou roupas e mala nova, logo em seguida, Mary embarcou sozinha para a Indonésia.

Ao chegar ao aeroporto de Yogyakarta, foi barrada pelas autoridades, que encontraram 2,6 quilos de heroína na mala.

Mary Jane foi vista pela promotoria do país, como transportadora de droga e logo foi pedido a pena de morte. Segundo a Época, todo o processo de seu julgamento foi confuso, já que seu advogado tinha um inglês muito limitado, e ela também não entendia bem a língua.

Além disso, ela não teve um tradutor para auxiliá-la na hora de prestar depoimento às autoridades, o que comprometeu o direito de defesa. Mesmo assim, em 2010 Mary Jane foi condena à morte.

O presidente das Filipinas, Benigno Aquino, fez três apelos para que a execução fosse adiada, mas os pedidos foram recusados. O caso provocou indignação nas Filipinas, familiares e moradores manifestaram-se, mas nada mudou a decisão das autoridades Indonésias.

Marcada para esta tarde, a execução de Mary e mais sete prisioneiros estava perto de acontecer, quando uma mulher alegando ser a aliciadora de Mary Jane se entregou à polícia, nesta terça-feira.

"A execução foi adiada por um pedido do presidente das Filipinas, que disse que uma traficante de pessoas se entregou com relação ao caso", disse Tony Spontana, porta-voz da Procuradoria da Indonésia, segundo o Jakarta Post.

Segundo ele, a traficante, identificada como Maria Kristina Sergio, alega ser a pessoa que aliciou Mary Jane.

Mary Jane não havia recebido a notícia ainda, quando escreveu uma carta destinada ao presidente indonésio, a qual pedia que sua vida fosse preservada para criar seus filhos. "Como mãe, tenho duas crianças que ainda são pequenas e precisam do amor de uma mãe". Os dois meninos têm doze e seis anos de idade e, atualmente, vivem com a avó.

 

Redação O POVO Online

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