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Protestos contra o governo Dilma levam 700 mil pessoas às ruas

21:15 | 12/04/2015
Adesão às manifestações contra o governo federal foi menor que a registrada no dia 15 de março. Atos foram realizados em mais de 190 cidades em 24 estados. Organizadores convocam marcha de São Paulo a Brasília em maio. Manifestações em todo o Brasil levaram cerca de 700 mil pessoas às ruas de 195 cidades em 24 estados neste domingo (12/04), segundo levantamento da Polícia Militar (PM). Apesar da promessa dos organizadores, de que o segundo dia de protestos contra o governo Dilma seria maior que o registrado em 15 de março quando 2,4 milhões de pessoas foram às ruas, também conforme a PM o movimento perdeu força. São Paulo foi novamente a cidade que reuniu o maior público. A PM contabilizou 275 mil pessoas na Avenida Paulista. Já o Instituto Datafolha estimou em 100 mil o número de manifestantes no local, enquanto os organizadores falaram em 800 mil pessoas. Esta não é a primeira vez que os números da PM e do Datafolha divergem. Já no dia 15 de março, a diferença nas estimativas gerou polêmica: enquanto o Datafolha contabilizou 210 mil pessoas na Av. Paulista, a PM falou em 1 milhão. Curitiba foi a segunda cidade com maior número de manifestantes (40 mil), seguida por Porto Alegre (35mil), Brasília e Ribeirão Preto (25 mil) e Campinas e Rio de Janeiro (10 mil cada). Em praticamente todas as cidades onde houve protestos, o número de manifestantes foi menor que no dia 15 de março. Salvo poucos casos de provocações entre apoiadores de Dilma e opositores e algumas detenções por incitação de tumulto e nudez em público, os protestos decorreram tranquilamente, sem confrontos com a polícia. Após encerrar as manifestações deste domingo, o grupo Movimento Brasil Livre anunciou que o próximo passo será uma marcha de São Paulo até Brasília. Os organizadores pretendem sair da praça Panamericana, na capital paulista, dia 17 de abril e chegar à capital federal no dia 20 de maio. Todos sob a bandeira "Fora Dilma" Assim como nos protestos de 15 de março, a principal bandeira dos organizadores neste domingo foi o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). A demanda parece ter respaldo na sociedade. Segundo uma pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha neste sábado, 75% dos entrevistados disseram ser a favor dos protestos, e 63% apoiam o pedido de impeachment. No entanto, esse apoio parece mais ancorado na indignação contra o desempenho do governo do que na consciência do que um processo de impeachment significaria para o país. Entre aqueles que se declararam a favor do impeachment, 40% disseram não saber quem assumiria a presidência caso Dilma deixasse o poder. Outros 15% acreditam que o cargo ficaria para o segundo colocado nas eleições do ano passado, senador Aécio Neves (PSDB). Apenas 37% estavam cientes de que quem assumiria o comando do Brasil é o vice-presidente e apenas 10% dos entrevistados sabiam que o vice-presidente é Michel Temer (PMDB). Além dos cartazes e camisetas com os dizerem "Fora Dilma", os manifestantes também pediram a saída do ministro Dias Toffoli do Supremo Tribunal Federal, a redução no número de ministérios, uma CPI para apurar as operações do BNDES, ajuste fiscal sem aumento de impostos e o apoio a uma proposta de emenda constitucional que daria mais autonomia à Polícia Federal (PEC 142). Em algumas cidades também houve pedidos por intervenção militar. Apoiadores de Dilma Rousseff fizeram uma contramanifestação nas redes sociais. A hashtag #AceitaDilmavez, liderou por algumas horas os trending topics (assuntos mais comentados) do Twitter no Brasil e chegou a figurar entre os primeiros colocados no ranking mundial da rede social. Silêncio estratégico Segundo especialistas, a decisão do governo de não comentar as manifestações diferente de 15 de março, quando os ministros José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto se pronunciaram sobre os protestos evitou maior desgaste político para o governo, que conta com uma aprovação de apenas 13%. Na opinião do cientista político Claudio Couto, professor do departamento de gestão pública da FGV, declarações feitas pelo governo antes dos protestos do dia 15 de março inflamaram os manifestantes. "O pronunciamento de Dilma no Dia Internacional da Mulher, defendendo o governo, deu ensejo àquele panelaço. Dessa vez o governo ficou na moita", comenta. Para ele, muitas pessoas que extravasaram a raiva em março chegaram a este domingo com os ânimos mais frios. Ainda assim, Couto diz que é cedo para afirmar se há uma tendência de redução nas manifestações. "Pode haver um refluxo, qualquer ação do governo pode servir como catalisador, além dos resultados das investigações da Lava Jato." Autor: Francis França
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