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Parlamento Europeu pede que Turquia reconheça genocídio de armênios

19:10 | 15/04/2015
Resolução é aprovada pela maioria dos eurodeputados. O país, candidato a ingressar na União Europeia, ignora votação e presidente diz que apelo europeu "entrará por um ouvido e sairá pelo outro". O Parlamento Europeu pediu nesta quarta-feira (15/04) que as autoridades da Turquia reconheçam o genocídio de mais de 1,5 milhão de armênios durante o Império Otomano, há 100 anos. A moção foi aprovada pela maioria dos eurodeputados. Embora a resolução repita a linguagem usada pelo Parlamento em 1987, há o risco de novas tensões com a Turquia, que aceita que muitos cristãos armênios tenham morrido em confrontos com soldados otomanos a partir de 1915, quando a Armênia era parte do império governado a partir de Istambul. O país, porém, nega que centenas de milhares de pessoas foram assassinadas, o que equivaleria a um genocídio. O termo é usado por alguns países europeus e da América do Sul, mas evitado por EUA e outras nações para manter boas relações com a Turquia. "Não podemos esquecer que pessoas foram assassinadas e que esses eventos são corretamente descritos como um genocídio", afirmou o eurodeputado alemão Elmar Brok, da União Democrata Cristã (CDU). Por sua vez, a vice-presidente da Comissão Europeia, Kristalina Georgieva, disse que "não se pode negar a realidade histórica". Ela reconhece a divergência de pontos de vista entre a Armênia e Turquia, país candidato a ingressar na União Europeia. No ano passado, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ofereceu condolências aos descendentes de armênios mortos durante a 1ª Guerra Mundial. A resolução aprovada nesta quarta-feira pelo Parlamento Europeu reconhece que as declarações do então primeiro-ministro foram um passo na direção certa, mas pediram ao governo da Turquia que vá adiante e reconheça o genocídio. Turquia ignora votação do Parlamento De forma antecipada, Erdogan diss que iria ignorar o resultado da votação. Em entrevista para jornalistas, o presidente turco afirmou que "seja qual for o resultado, ele entrará por um ouvido e sairá imediatamente pelo outro, porque a Turquia não cometeu nenhum pecado ou crime como esse". Após a aprovação da moção, o ministério do Exterior turco afirmou que os parlamentares que apoiaram a moção estavam "tentando reescrever a História" e tinham se aliado "àqueles que não têm nada a ver com os valores europeus e se alimentam de ódio, da vingança e da cultura do conflito". No último domingo, o papa Francisco usou o termo genocídio para descrever o conflito. As palavras provocaram uma reação imediata da Turquia, que pediu explicações ao representante oficial do Vaticano em Ancara. Em missa realizada na Basílica de São Pedro, em Roma, o pontífice afirmou que o massacre de armênios foi "o primeiro genocídio do século 20". No mesmo dia, o ministro do Exterior turco, Mevlut Cavusoglu, afirmou que o uso da palavra genocídio por Francisco para descrever os massacres de armênios por forças otomanas é "infundado" e "longe da realidade histórica". "A declaração do papa, que está muito longe da realidade legal e histórica, não pode ser aceita", afirmou Cavusoglu numa mensagem no Twitter. "As autoridades religiosas não são os lugares para incitar o ressentimento e ódio com alegações infundadas." Tema controverso O dia 24 de abril de 1915 marca o início das perseguições à população armênia que há séculos vivia sob domínio otomano. Centenas de milhares de armênios foram deportados e a maioria de seus bens foi confiscada. Os motivos e a amplitude do que aconteceu é tema altamente controverso e continua a abalar as relações entre a Turquia e a Armênia, uma ex-república soviética. Entre os países que reconhecem o ocorrido como genocídio estão Argentina, França e Rússia. Enquanto as autoridades da Armênia e diversos historiadores contabilizam cerca de 1,5 milhão de mortos durante as perseguições e deportações, a Turquia argumenta que cerca de 500 mil armênios morreram de fome ou em combates durante a Primeira Guerra Mundial, continuando, assim, a rejeitar o termo "genocídio". FC/afp/rtr/efe/ap/dpa
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