Presidente da Venezuela pede mais poderes após sanções dos Estados Unidos
Em um inflamado discurso transmitido pela televisão estatal na noite de segunda-feira, o líder apareceu ao lado das autoridades alvos das sanções. O presidente promoveu uma delas e felicitou outra pela "honra imperial" outorgada por Washington.
"O presidente Barack Obama, em nome da elite imperialista norte-americana, decidiu pessoalmente assumir a tarefa de derrotar meu governo, intervindo na Venezuela e controlando-a dos Estados Unidos", disse Maduro. "Obama tomou hoje a mais agressiva, injusta e venenosa medida que os Estados Unidos jamais adotaram contra a Venezuela."
O alvo das sanções anunciadas na segunda-feira é um grupo de autoridades do mais alto escalão do aparato de segurança do país sul-americano, responsável por reprimir protestos contra o governo, que se espalharam pela Venezuela no ano passado, e por acusar integrantes da oposição. As autoridades da lista não receberão vistos para entrar em território norte-americano e terão congelados ativos que porventura tenham no país.
Um do nomes da lista, major-general Gustavo González, diretor-geral do serviço de inteligência da Venezuela, foi promovido a Ministro do Interior, cargo importante que tem como tarefa manter a paz no país. Washington diz que ele foi cúmplice em atos de violência contra os manifestantes.
Maduro também anunciou que pedirá ao partido governista, que controla do Congresso, que conceda a ele novos poderes para que possa defender o país contra todas as agressões e ameaças à sua soberania. Mas ele não especificou quais seriam esses poderes e como ele os usaria.
A oposição criticou o plano, afirmando que ele será usado para anular a dissidência ao governo de Maduro.
A concessão de poderes por decreto era a ferramenta favorita do antecessor de Maduro, Hugo Chávez, que usou esse tipo de manobra para promulgar dezenas de leis que aumentaram o controle estatal sobre a economia.
Os Estados Unidos mantêm profundos laços econômicos com a Venezuela, particularmente no setor de energia, mas as tensões diplomáticas vêm aumentando nos últimos meses. A decisão anunciada na segunda-feira colocou as relações entre os dois países num patamar ainda pior. Fonte: Associated Press.