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ONU divulga relatório sobre supostos crimes de guerra do Estado Islâmico

12:50 | 19/03/2015
Mais de dez corpos foram retirados de uma vala comum nas proximidades da cidade iraquiana de Tikrit nesta quinta-feira, mesmo dia em que um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) diz que militantes do grupo Estado Islâmico podem ter cometido crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante seu avanço no Iraque.

A descoberta da vala comum e os dados do relatório - que detalham assassinatos em massa, torturas e estupros - elevou os temores de que mais atrocidades possam ser encontradas na medida em que as forças de segurança iraquianas e milícias xiitas retomam territórios que estavam sob comando do grupo extremista.

Autoridades da província de Salahuddin desenterraram 13 corpos no distrito de al-Boajeel, a leste da cidade de Tikrit, onde forças de segurança e milícias xiitas realizam uma ofensiva contra os militantes. Um vídeo de Associated Press mostra a polícia retirando os corpos e os colocando em sacos plásticos, levados em caminhões.

Um funcionário do governo e um graduado oficial militar disseram à AP que uma investigação está em vigor para identificar os mortos. Segundo eles, não acredita-se que o local esteja ligado aos assassinatos em massa de soldados iraquianos capturados na base militar de Camp Speicher, no ano passado. O grupo divulgou fotografias dos soldados, alinhados em frente de covas rasas e depois mortos. As fontes falaram em condição de anonimato.

Tropas iraquianas, apoiadas por milícias xiitas, mantêm suas posições nas proximidades de Tikrit esperando que os civis saiam para, então, avançarem na direção do centro da cidade. O Estado Islâmico tomou Tikrit e a segunda maior cidade do país, Mosul, durante seu rápido avanço pelo norte e oeste do país, em junho.

Os extremistas agora controlam uma vasta área do Iraque e da Síria, territórios onde impuseram uma dura versão da lei islâmica, além de decapitar e massacrar seus oponentes.

O relatório da ONU, publicado pelo escritório de Direitos Humanos da instituição, baseia-se no testemunho de 100 pessoas que sobreviveram aos ataques do grupo militante no Iraque entre junho de 2014 e fevereiro desde ano. Os relatos detalham assassinatos, torturas, estupros e escravidão sexual, conversões religiosas forçadas e recrutamento forçado de crianças.

O documento também detalha supostos crimes cometidos conta a minoria iraquiana yazidi, grupo visto como apóstata pelos extremistas do Estado Islâmico. O relatório diz que quando os militantes capturaram os yazidis, mataram os homens e escravizaram as mulheres e crianças. Testemunhas disseram que os militantes estupraram crianças de até seis anos e mulheres entrevistadas pela ONU disseram que foram estupradas, engravidaram e que médicos do grupo militante realizaram o aborto dessas crianças.

Autoridades iraquianas e curdas disseram que grupos extremistas capturaram centenas de mulheres yazidi. Numa recente edição da revista online do grupo, os militantes se gabam de escravizá-las.

Na cidade de Mosul, que costumava ser religiosamente diversificada, o Estado Islâmico forçou cristãos e outras minorias religiosas a se converterem ao Islã ou a pagar taxas especiais, caso contrário seriam mortos, o que provocou a fuga de milhares de pessoas.

Mas o relatório da ONU também relata assassinatos, torturas e sequestros supostamente realizados pelas forças iraquianas e milícias xiitas que combatem o Estado Islâmico. O documento, diz que forças iraquianas em fuga teriam ateado fogo numa base do Exército na província de Diyala, leste do país, onde 43 sunitas eram prisioneiros. Há relatos de testemunhas que afirmam que civis sunitas foram expulsos de suas casas.

A ONU pediu ao governo iraquiano que assegure que todas as acusações sejam investigadas de acordo com os padrões internacionais de direitos humanos e que os resultados sejam publicados. Fonte: Associated Press.

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