Extrema direita europeia se reúne na Rússia
Encontro em prol de "valores tradicionais" conta com a bênção do Kremlin. Radicais saúdam apoio do governo Putin a separatistas ucranianos e condenam política de sanções "arrogante" dos EUA.A convite de um grupo ligado ao Kremlin, reuniram-se neste domingo (22/03), na cidade
russa de São Petersburgo, representantes de diversas legendas europeias de extrema
direita.
Entre outros temas, eles deliberaram sobre como fomentar os "valores tradicionais" da
família e do cristianismo, que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirma também
defender. Também foi debatida a crise da Ucrânia e o que os organizadores classificam
como política "arrogante" dos Estados Unidos.
Segundo Fiodor Birukov, do partido organizador Rodina (Pátria), o encontro foi um passo
inicial para uma plataforma internacional contra a "ameaça à soberania e à identidade
nacional". "Este fórum é a primeira pedra no sentido de fundar o novo mundo que somos
obrigados a construir", declarou. Participaram cerca de 150 políticos do espectro populista
a neonazista, inclusive do Partido Nacional Britânico (BNP), do grego Aurora Dourada e do
alemão NPD.
"Paciência russa"
No contexto da crise ucraniana, grupos de extrema direita de vários países europeus
tendem a simpatizar abertamente com o chefe do Kremlin. A seu ver, seria absolutamente
legítimo Moscou defender os interesses dos separatistas pró-russos no país vizinho.
Embora, por um lado, Putin denuncie as tendências "fascistas" na Ucrânia, é notória sua
aproximação a forças nacionalistas no próprio país.
"Nós não apoiamos as sanções decretadas contra a Rússia na sequência de um conflito na
Ucrânia", declarou Udo Voigt, do NPD. "É fascinante quanta paciência demonstram a
Rússia e o presidente Putin diante da política agressiva da Otan." No passado, o deputado
do Parlamento Europeu foi sentenciado por qualificar Adolf Hitler como "um grande homem".
Uma ausência marcante em São Petersburgo foi a Frente Nacional (FN), da França. No
entanto, na véspera sua líder, Marine Le Pen, voltou a criticar na televisão russa a
"propaganda" antirrussa no conflito da Ucrânia. Segundo a radical de direita, as sanções só
ocorrem "por ordem dos EUA".
AV/afp