PUBLICIDADE
Notícias

Ataques a duas mesquitas deixam rastro de mortes no Iêmen

18:41 | 20/03/2015
Considerados os mais sangrentos dos últimos anos, atentados cometidos por homens-bomba matam pelo menos 142 xiitas na capital, Sanaa. Braço do "Estado Islâmico" assume autoria de ataques. O Iêmen viveu nesta sexta-feira (20/03) os atentados mais sangrentos registrados nos últimos anos. No país que vem sendo palco de violentos confrontos sectários, ataques a duas mesquitas deixaram ao menos 142 pessoas mortas e outras 350 feridas, após quatro homens-bomba detonarem explosivos em meio a centenas de fiéis xiitas em Sanaa, capital iemenita. A primeira bomba explodiu na mesquita de Badr, no sul de Sanaa, seguida de uma segunda explosão perto da entrada do templo. Os dois ataques seguintes aconteceram na mesquita de Al-Hashahush, no norte da capital iemenita. Os autores escolheram de maneira precisa o horário dos atentados durante as orações de meio-dia da sexta-feira, tradicionalmente as mais frequentadas. As duas mesquitas atingidas são frequentadas principalmente por apoiadores do grupo xiita houthi, que tomou o poder no país em fevereiro. Um quinto homem-bomba teve como alvo uma mesquita no norte da província de Sanaa, reduto houthi, mas a bomba explodiu antecipadamente e não fez outras vítimas além do próprio autor. "Estado Islâmico" assume autoria Os ataques em Sanaa foram reivindicados por um braço do "Estado Islâmico" (EI) numa mensagem divulgada na internet. A Al Qaeda e o EI consideram hereges todos os xiitas, e agora eles vêm lutando contra os houthis, que controlam parte da capital iemenita desde setembro passado. "Deixemos os politeístas houthis saber que os soldados do 'Estado Islâmico' não vão descansar e não vão ficar parados até extirpá-los", afirmou o grupo jihadista numa mensagem postada por apoiadores no Twitter, reivindicando os ataques. "Este ataque é apenas o começo", ameaçou. Ameaça semelhante havia sido feita pelos jihadistas na quinta-feira, quando o grupo também assumiu autoria de um ataque ao Museu Nacional do Bardo, na Tunísia, que deixou 21 mortos a maioria turistas. O governo americano disse nesta sexta-feira ainda não ser possível confirmar se os ataques foram realmente cometidos pelo braço do EI no Iêmen. "Não há, neste momento, clara evidência de uma ligação operacional entre os extremistas do Iêmen e os combatentes do EI", declarou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. Segundo ele, muitas vezes a reivindicação de autoria de ataques é usada como arma de propaganda. Os EUA e as Nações Unidas condenaram os ataques às mesquitas no Iêmen. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu a todas as partes da atual crise vivida no país árabe que "suspendam imediatamente qualquer ato hostil" e que apelou para que respeitem os compromissos de resolver as diferenças pacificamente. Disputa sectária As tentativas dos combatentes xiitas conhecidos como houthis de ampliar seu domínio para outras áreas do Iêmen encontram forte resistência de tribos sunitas e da Al Qaeda. Braço da organização terrorista no país, a Al Qaeda na Península Árabe (Aqap) é apontada pelos EUA como a mais terrível ramificação do grupo. As disputas sectárias no Iêmen vêm ganhando contorno de guerra civil desde o ano passado, quando os houthis, apoiados pelo Irã, tomaram parte do norte do país, incluindo a capital. O presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi, aliado dos EUA, fugiu de Sanaa em fevereiro após passar um mês em prisão domiciliar imposta pelos houthis. Em Aden, cidade ao sul do país, ele instalou uma base de apoio. Aviões de guerra não identificados começaram a atacar o palácio presidencial nos últimos dois dias. Nesta sexta-feira, defesas antiaéreas atingiram dois aviões que jogavam bombas em uma área onde se encontra a residência do presidente, que saiu ileso do incidente, segundo fontes presidenciais. MSB/rtr/ap/afp/lusa
TAGS