PUBLICIDADE
Notícias

Ataque mata mais de 130 em mesquitas xiitas no Iêmen

21:30 | 20/03/2015
Duas mesquitas lotadas de fiéis na capital do Iêmen, Sanaa, foram alvo de três ataques suicidas nesta sexta-feira, deixando pelo menos 137 mortos e 237 feridos, segundo funcionários da área médica. Os alvos dos ataques foram mesquitas controladas pelos rebeldes xiitas, conhecidos como houthis.

A autoria do ataque foi reivindicada por uma facção que diz ser ligado ao grupo extremista Estado Islâmico, algo que os Estados Unidos dizem duvidar. O Iêmen abriga também a Al-Qaeda na Península Arábica, um dos braços mais poderosos do grupo terrorista.

Um outro ataque foi registrado num complexo do governo na província de Saada, reduto houthi onde vive o líder do grupo, Abdul Malik Al Houthi. Duas pessoas morreram e uma terceira está em estado grave, informaram dois funcionários do governo.

Os ataques desta sexta-feira foram os primeiros a ter como alvo mesquitas controladas pelos houthis, o que pode elevar as tensões entre xiitas e seus oponentes sunitas.

Informações do canal de televisão rebelde Al-Masirah indicam que os suicidas atacaram as mesquitas de Badr e al-Hashoosh durante as orações do meio-dia desta sexta-feira, tradicionalmente as mais movimentadas da semana. A emissora disse também que os hospitais pedem aos cidadãos que doem sangue.

Testemunhas disseram que pelo menos dois suicidas realizaram o ataque no interior da mesquita de Badr. Um deles caminhou no interior da mesquita e detonou o artefato que levava junto ao corpo, provocando pânico quando dezenas de fiéis correram na direção dos portões. Neste momento, um segundo suicida detonou seus explosivos no meio da multidão.

Uma testemunha na mesquita de al-Hashoosh, localizada num bairro do norte de Sanaa, disse que foi jogado a dois metros de distância após a explosão. "As cabeças, pernas e braços dos mortos estavam espalhados pelo chão da mesquita", disse Mohammed al-Ansi à Associated Press, acrescentando que "sangue corria como um rio" pelo local.

Al-Ansi disse também que os que não morreram na explosão estavam gravemente feridos por causa do vidro quebrado das janelas da mesquita. Ele se lembra de correr para a porta, juntamente com outros sobreviventes e ouvir um homem gritando "voltem, salvem os feridos!"

A rede de televisão xiita exibiu imagens do interior da mesquita de Al-Hashoosh, onde voluntários usaram cobertores ensanguentados para retirar as vítimas. Dentre os mortos havia uma criança pequena. Corpos foram enfileirados no chão da mesquita e levados em picapes.

Os ataques aconteceram um dia depois de intensos combates na cidade de Áden, no sul do país, entre tropas leais ao ex-presidente e ao atual, que deixaram 13 mortos e levaram ao fechamento do aeroporto internacional.

Os rebeldes xiitas saíram de seu reduto no norte do país e tomaram a capital em setembro. Aliados ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, agora eles controlam pelo menos nove das 21 províncias do país. No início do ano, os rebeldes colocaram o presidente Abed Rabbo Mansour Hadi em prisão domiciliar e tomaram o governo. Hadi fugiu para Áden, onde estabeleceu uma capital temporária e afirma que ainda é o presidente legítimo do país.

Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que o governo não vê indícios de que o Estado Islâmico tenha atuado nos ataques de sexta-feira. Segundo Earnest, é possível que o Estado Islâmico esteja mentindo ao assumi a autoria. "Este pare ser um caso onde eles tentam ganhar com publicidade espontânea", disse.

Caso confirmada a autoria, o incidente pode configurar um cenário ainda mais perigoso para o Iêmen, já que o país seria disputado por duas facções jihadistas, que competiriam por recrutas tentando mostrar qual dos grupos é mais violento. Fonte: Associated Press.

TAGS