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Políticos alemães divergem sobre regras para imigração

12:02 | 05/02/2015
A Alemanha é cada vez mais um país de imigrantes. Enquanto alguns líderes defendem sistema de pontos semelhante ao do Canadá como resposta para onda migratória, outros afirmam que normas atuais são suficientes. Como lidar com a onda de imigrantes que querem viver e trabalhar na principal economia europeia é um dos principais pontos da agenda política na Alemanha. De olho no desenvolvimento demográfico, muitos dizem que o país precisa e depende de imigrantes qualificados. Esta também é a opinião de Thomas Oppermann, líder da bancada social-democrata no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão). No último fim de semana, Oppermann voltou a defender a introdução de um sistema de pontos, nos moldes do Canadá, como base para o recrutamento de imigrantes. Em entrevista ao jornal alemão Bild am Sonntag, o político afirmou fazer sentido "restabelecer anualmente a demanda por imigrantes de países não pertencentes à União Europeia (UE) ". Dentro da UE, os cidadãos dos 28 países-membros podem circular e se mudar livremente de um país para o outro. Se muitos imigrantes da UE vierem para a Alemanha, a demanda por imigrantes de países de fora do bloco será menor, explica Oppermann. Sistema orientado pela demanda Entretanto, as propostas do social-democrata são alvo de críticas. "Não precisamos de novas regulações migratórias", afirma Gerda Hasselfeldt, líder parlamentar da conservadora União Social Cristã (CSU), partido coligado à União Democrata Cristã (CDU), de Angela Merkel. A CSU afirma que as atuais normas são suficientes e que novas "só criariam mais burocracia". Stephan Sievert, pesquisador do Instituto de População e Desenvolvimento de Berlim, diz que a Alemanha não precisa de um sistema de pontos, por já dispor de critérios funcionais, de "um sistema orientado pela demanda". A Alemanha simplificou os procedimentos para imigrantes de fora da União Europeia com a introdução do blue card (Cartão Azul). Trata-se de um visto de trabalho simplificado, que contempla cidadãos de países de fora da UE com diploma universitário e que tenham um contrato de trabalho com uma remuneração mínima, dependendo do campo de atuação. Mas sempre há espaço para melhorias, defende Sievert. "Sabemos que o conhecimento da língua alemã é um fator que facilita a integração", diz o especialista. Ele sugere que o governo introduza uma forma de premiar potenciais imigrantes por suas competências no idioma, facilitando, assim, a vinda para a Alemanha. Sistema de pontos Em 1967, o Canadá foi o primeiro país a adotar um sistema de pontos para avaliar candidatos de acordo com critérios ligados à demanda do mercado de trabalho e ao potencial do imigrante de corresponder àquela demanda. A Austrália e o Reino Unido também possuem sistemas de seleção de imigração baseados em pontos. A Austrália opera um sistema "híbrido" para a imigração de trabalhadores qualificados, ou seja, com a oferta de vistos de trabalho baseada tanto no sistema de pontos quanto no interesse do empregador. Em 2008, o Reino Unido introduziu um programa baseado em pontos. De acordo com um relatório de 2011 do think tank CentreForum, "o objetivo do sistema de migração baseado em pontos (PBS) é fornecer uma avaliação objetiva do potencial de contribuição do imigrante para a economia do Reino Unido". Os critérios incluem o conhecimento da língua inglesa, a capacidade de se autossustentar e experiência profissional anterior. Alemanha em busca de imgrantes Boris Pistorius, secretário do Interior do estado da Baixa Saxônia, leva o debate sobre a imigração na Alemanha mais adiante, sugerindo abrir o caminho da imigração legal para requerentes de asilo que foram rejeitados. Em entrevista ao jornal Neue Osnabrücker Zeitung, o social-democrata afirmou que os requerentes de asilo podem ser considerados se houver demanda por suas qualificações e habilidades. Volker Beck, porta-voz do Partido Verde alemão para Assuntos Internos, afirma que os políticos conservadores relutantes não deveriam fechar os olhos à realidade demográfica da Alemanha. "Ou os trabalhadores vêm para cá ou o trabalho vai para outro lugar." Para Sievert, a divulgação do sistema alemão nos países de origem de imigrantes é fundamental. "Esta deveria ser a principal tarefa: fazer com que o mundo fique ciente de que a Alemanha está em busca de imigrantes." Em 2013, a Alemanha registrou o maior número de imigrantes em duas décadas. Em seu mais recente relatório internacional sobre migração, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) classificou a Alemanha como o principal destino de pessoas circulando entre países da UE e também como o principal destino de novos requerentes de asilo. Em 2009, A Alemanha ocupava a oitava posição no ranking. Autor: Dagmar Breitenbach (ca)Edição: Luisa Frey
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