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Entenda a atual situação da Grécia

18:07 | 04/02/2015
Com um novo governo de esquerda, Atenas trava uma queda de braço com credores internacionais para tentar aliviar o peso de sua dívida. Confira o que está em jogo na política e na economia do país. O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, traçou como objetivo renegociar a dívida pública da Grécia, que ultrapassa os 300 bilhões de euros. Entenda o que favoreceu a chegada da esquerda ao poder no país assolado pela crise e quais as chances de o novo chefe de governo chegar a um acordo com os credores internacionais. Por que o partido Syriza ganhou as eleições? Os gregos estão cansados das medidas de austeridade impostas pelos credores internacionais como condição para os pacotes bilionários de ajuda financeira. Muitos estão desempregados, e sobretudo os mais jovens estão sem perspectivas. Benefícios sociais foram cortados. Durante a campanha eleitoral, Tsipras prometeu aos compatriotas dar um fim à política de austeridade quando chegasse ao poder. Tsipras pode cumprir suas promessas de campanha? Não. Se ele encerrar qualquer cooperação com os credores, estes provavelmente irão interromper a ajuda. Assim, em poucas semanas, a Grécia estaria falida, isolada e teria de retornar ao dracma, a antiga moeda do país. Para os gregos, a situação ficaria ainda pior do que a atual. Mas então, o que Tsipras quer? A princípio, ele pediu o impossível: queria uma nova ajuda, mas sem atender às condições de reformas e austeridade econômica. Mas tais condições não são apenas politicamente indispensáveis para que a população dos países credores dê a sua anuência. Também na opinião de praticamente todos os especialistas, a Grécia precisa de reformas para se tornar competitiva. Além disso, outros países beneficiários, como Irlanda ou Portugal, iriam reclamar se a Grécia recebesse um tratamento diferente do que eles receberam. Não há espaço para um acordo? Nesse meio-tempo, Tsipras parece ter percebido que não estava conseguindo avançar da maneira como vinha agindo. Ele não está mais exigindo um perdão da dívida por parte dos credores, mas somente facilidades na amortização, por exemplo. Isso significa que os credores teriam que conceder juros mais baixos ou prazos mais longos. Mesmo assim, é possível que, no final, se chegue a um acordo, pois há uma percepção generalizada de que, mesmo com um desenvolvimento econômico favorável, a Grécia seria estrangulada ao longo de décadas para quitar a dívida. Até agora, os esforços foram bem-sucedidos? Recentemente, a Grécia conseguiu pelo menos sair da recessão que sofria há anos, ou seja, a economia do país registrou um pequeno superavit. Naturalmente, os gregos estão diante da enorme montanha de dívidas de 240 bilhões de euros, proveniente de dois pacotes de ajuda financeira. Por isso, cogita-se dar à Grécia um prazo maior para crescer. Mas a parte financeira é somente um lado da moeda. Há também a exigência por reformas estruturais, que os credores pretendem manter a qualquer custo. O que está errado no país? O aparato estatal é grande e ineficiente. Faltam peças importantes na administração. Continua a não existir um departamento de registro de imóveis, por exemplo. A tributação é deficiente em todos os níveis. Entre os países europeus, a Grécia está no topo do ranking de evasão fiscal e suborno. E, até agora, os gregos mais ricos pouco contribuíram para aliviar o peso da crise, tendo muitos transferido seu dinheiro para o exterior. A situação não é, então, favorável para um político de esquerda? Poderia se pensar que sim. No entanto, Tsipras se voltou até agora mais para os outros europeus do que para os sonegadores gregos. Neste momento, ambos os lados poderiam negociar: mais justiça social ou uma melhor administração são coisas exigidas há tempos pela União Europeia e que devem agradar também à maioria dos gregos. Tsipras precisaria somente tentar vendê-las como um projeto próprio. Mas ele teria, então, de enfrentar poderosos grupos de interesse no próprio país. Esse será o parâmetro para avaliar Tsipras tanto para seus compatriotas quando para os credores internacionais. Autor: Christoph Hasselbach (ca)Edição: Luisa Frey
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