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Merkel é eleita presidente de seu partido pela oitava vez

16:58 | Dez. 09, 2014
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Chanceler federal obteve quase 97% dos votos dos delegados reunidos em Colônia. Democrata-cristãos se perguntam o que virá depois dela. Alternativas são poucas. "Vocês não sabem a grande chefe que vocês têm", disse o presidente do Partido Popular Europeu, Joseph Daul, na abertura do 27° Congresso da União Democrata Cristã (CDU), em Colônia, na Alemanha. Mas é claro que os 1.001 delegados presentes sabem. A observação não era para ser levada totalmente a sério. Quem tem a oportunidade de conviver com a chefe a chanceler federal alemã, Angela Merkel pode até esquecer, de vez em quando, que está diante da mulher mais poderosa do mundo. Com 884 votos a favor, 30 votos contra e cinco abstenções, ela foi eleita, nesta terça-feira (09/11), pela oitava vez consecutiva presidente do seu partido, a CDU. O discurso de candidatura certamente ajudou Merkel a obter a marca de 96,72% dos votos. "Foi uma fala com muita verve, há tempos que eu não vivenciava Merkel tão forte", afirmou Helma Kuhn-Theis, delegada do estado do Sarre. "Em muitos questões ela foi mesmo direto ao ponto." Foi um discurso especial também porque foi pessoal. Merkel relatou sobre o início da sua trajetória política, logo após a queda do Muro de Berlim, em 1989. Entre os delegados presentes, nada se notou de um possível cansaço da chanceler depois de nove anos à frente da Chancelaria Federal em Berlim e 14 anos na presidência da CDU. Em vez disso, o discurso de uma hora agradou a todas as alas e diretórios regionais. De olho na próxima eleição Merkel assegurou o seu lugar à frente do partido e já mira as próximas eleições parlamentares, em 2017. Com quem seria possível uma coligação? Surpreendentemente, ela voltou a se referir aos liberais. O Partido Liberal Democrático (FDP) "é e continua sendo o parceiro natural de coalizão" e não deveria ser "enterrado precocemente". Mas a chefe de governo também mencionou uma abertura em direção ao Partido Verde. "Depois das últimas eleições, estivemos dispostos a essa coalizão, mas alguns verdes, não. Uma pena." Em contrapartida, os social-democratas, os atuais parceiros de coalizão, foram criticados. Merkel disse que o Partido Social Democrata (SPD) deu uma "declaração de falência" ao formar uma coalizão com o sucessor do SED (partido único da antiga Alemanha Oriental) no estado da Turíngia, deixando que o partido A Esquerda nomeasse o governador do estado. "Até onde o SPD vai se diminuir?", indagou Merkel, recebendo aplausos. Ela alertou que a Turíngia será um teste para uma possível coalizão semelhante em nível federal. No discurso, a chefe de governo evitou mencionar o novo partido de direita da Alemanha, o Alternativa para a Alemanha (AfD), que tem viés populista e é visto como um forte concorrente da CDU. Sucessão em aberto Quem virá depois de Merkel? Especula-se há anos quem poderá sucedê-la, mas há poucos aspirantes disponíveis nos quadros dos partidos da união conservadora CDU/CSU (União Democrata Cristã/União Social Cristã). A ministra da Defesa, Ursula von der Leyen, e o ministro do Interior, Thomas de Maizière, são os nomes mais mencionados, mas nenhum deles têm brilhado à frente de seu ministério. Já o rol dos governadores outra fonte comum de possíveis sucessores tem encolhido: o partido de Merkel está à frente do governo em apenas 4 dos 16 estados alemães. Até mesmo o Partido Verde está em mais coalizões estaduais do que a CDU. Entre os cinco vices de Merkel na presidência da CDU, somente dois se destacam: Volker Bouffier, do estado de Hessen, e Julia Klöckner, da Renânia-Palatinado. Sinal para fora Até há pouco tempo especulava-se que Merkel renunciaria ao longo do atual mandato. Agora a discussão é se ela vai concorrer de novo nas eleições de 2017. Ela poderia, então, quebrar o recorde de 16 anos no cargo de chanceler federal, estabelecido por Helmut Kohl. Há anos, a CDU está ajustada à figura de Merkel, e o alto índice de popularidade dela e do partido não dá motivos para mudar algo. Na Alemanha, já se fala até em uma "geração Merkel", formada por pessoas que não conhecem a Alemanha com outro chefe de governo. Mas, atrás de tudo isso, esconde-se a pergunta sobre o que virá depois. O partido não poderá continuar evitando essa questão por muito tempo. Do contrário, corre o risco de ficar "viciado em Merkel". A desintoxicação pode ser dolorosa. A própria Merkel sai ganhando com essa vulnerabilidade da CDU. Pois ela só pode se apresentar de forma tão poderosa na Europa porque tem paz em sua própria casa também no congresso do partido em Colônia. Autor: Kay-Alexander Scholz (ca)Edição: Alexandre Schossler

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