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Inventor prussiano influenciou obra de Júlio Verne

12:16 | Dez. 17, 2014
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Engenheiro Julius Kröhl criou, no século 19, o primeiro submarino capaz de mergulhar e emergir sozinho. Invenção serviria de inspiração para a obra-prima "Vinte Mil Léguas Submarinas". A cidade de Nova York viveu uma sensação no dia 30 de maio de 1866, quando um monstro metálico afundou nas águas do rio East. O Sub Marine Explorer fazia seu primeiro mergulho, diante de um público entusiasmado que se perguntava se o submarino iria conseguir emergir da água sozinho. Isso nunca tinha sido feito antes. Depois de cerca de uma hora, o suspense deu lugar a aplausos efusivos. O submarino retornou sozinho à superfície, guiado por seu inventor, Julius Hermann Kröhl. O teste foi um verdadeiro sucesso. Entretanto, após diversos mergulhos com a embarcação, veio a catástrofe: Kröhl e seus homens morreram. O Sub Marine Explorer foi, então, deixado numa praia deserta na ilha de San Telmo. Logo o mundo esqueceu o revolucionário submarino e seu inventor. Foi só em 2001 que um cientista americano redescobriu os destroços e sua história, acidentalmente, durante suas férias. A embarcação ainda está na praia remota de uma reserva natural, e a ferrugem e as ondas castigaram severamente o veículo, que não pode mais ser movido. Entretanto, um homem garantiu que Kröhl e seu submarino fossem imortalizados na literatura. Júlio Verne disse ter se inspirado no Sub Marine Explorer para criar sua obra-prima Vinte Mil Léguas Submarinas, publicada pela primeira vez em 1870. Talentoso inventor Kröhl nasceu em 1820, na cidade de Memel, na Prússia Oriental território que viria a fazer parte da Alemanha durante algumas décadas. O pai, comerciante, se mudou alguns anos mais tarde, junto com a família, para Berlim. Lá, o jovem Julius se tornou engenheiro. Em 1844, ele emigrou da Europa, chegando a Nova York. O versátil engenheiro rapidamente se tornou um profissional procurado. Kröhl tinha a capacidade de fazer coisas incríveis com ferro. Em 1853, erigiu uma cúpula de vidro apoiada por vigas de ferro para um pavilhão de feiras, construção que foi muito admirada. Kröhl se tornou também um especialista em explosivos subaquáticos. Nesse trabalho, conheceu uma fascinante maravilha da técnica da época: um sino de mergulho, com o qual homens podiam trabalhar no fundo do mar, recebendo oxigênio através de um tubo. A partir de então, o engenheiro não conseguiu mais tirar da cabeça a ideia de construir um submarino de ferro. Em 1861, começou a Guerra Civil Americana, também conhecida como Guerra de Secessão. Mas a Marinha dos EUA rejeitou a oferta de Kröhl de construir um submarino como arma. Entretanto, o rico empresário William Henry Tiffany, irmão do fundador da famosa joalheria Tiffany, disponibilizou ao engenheiro os fundos necessários para a construção do Sub Marine Explorer. A intenção era procurar pérolas no fundo do mar, com ajuda de um submarino. Assim, Kröhl pôde finalmente realizar seu sonho. A embarcação tinha cerca de 11 metros de comprimento e até 2,5 metros de largura, com aparência de um charuto de metal. Com casco duplo, tanques de lastro e ar pressurizado, o veículo já tinha alguns recursos presentes nos submarinos atuais. Através de frestas no chão do submarino, a tripulação deveria colher as conchas com pérolas no fundo do Oceano Pacífico. O motor funcionava com força de mãos e pés. Nas águas do rio East, Kröhl mostrou aos curiosos nova-iorquinos, após o fim da Guerra Civil, em maio de 1866, que sua ideia funcionava. Morte no Pacífico O Sub Marine Explorer foi dividido em partes e preparado para a longa viagem de Nova York ao Panamá. No Panamá, a chegada do submarino foi uma sensação, as pessoas estavam curiosas para ver o misterioso veículo. Cheios de energia, Kröhl e sua equipe realizaram no país seus primeiros mergulhos nas profundezas do Pacífico. Para a surpresa de todos, após diversos mergulhos, veio a morte de Kröhl e sua equipe. "Consequências de malária", supôs um médico a respeito da causa da morte do inventor, em 9 de setembro de 1867. Hoje, no entanto, suspeita-se que a morte tenha tido outra causa: a até então desconhecida doença descompressiva. A equipe do Sub Marine Explorer emergiu muito rapidamente durante seus mergulhos em águas profundas, provocando a formação de bolhas pelos gases presentes no sangue, que obstruem as vias sanguíneas. Esse também foi o destino da equipe substituta, fazendo com que ninguém mais quisesse trabalhar no revolucionário submarino. Autor: Marc von Lüpke-Schwarz (md)Edição: Luisa Frey

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