Equador põe fim à cooperação ambiental com a Alemanha
Ministro do Exterior equatoriano anuncia que seu país pôs fim, de forma unilateral, aos convênios ambientais com a Alemanha. O motivo foi uma planejada visita de parlamentares alemães à reserva ambiental de Yasuní.
A decisão de Quito de finalizar a cooperação com a Alemanha em questões ambientais responde à intenção de membros da comissão de meio ambiente do Parlamento alemão de visitar, no início de dezembro, a reserva ambiental de Yasuní, uma das maiores do planeta e que está localizada na selva equatoriana. Ali, o presidente Rafael Correa autorizou a exploração de grandes reservas de petróleo.
Correa negou a autorização para que os parlamentares ingressassem em Yasuní, porque a visita "colocava em dúvida" os anúncios do governo equatoriano de que a exploração petrolífera naquela área se realizaria sob estritas normas ambientais para minimizar possíveis impactos.
De acordo com o ministro do exterior equatoriano, Ricardo Patiño, Quito não vai tolerar nenhuma ingerência do governo alemão em assuntos internos do Equador. Em coletiva de imprensa, Patiño afirmou nesta sexta-feira (19/12) que o governo do Equador "não vai aceitar que a cooperação se torne um instrumento de controle". "Como amigos, as portas estão abertas, mas como supervisores, elas permanecem fechadas", assinalou o ministro do Exterior.
A intenção dos parlamentares era conhecer a exploração petrolífera na reserva, que abriga importante quantidade de espécies da flora e da fauna em perigo de extinção. Os deputados alemães também pretendiam se encontrar com ativistas ambientais que se opõem às atividades extrativas na selva.
Defesa da soberania
À margem da Conferência do Clima em Lima, o ministro alemão do Meio Ambiente, Gerd Müller, criticou a proibição de entrada para os alemães. Rafael Correa, por sua vez, acusou os parlamentares alemães de colonialismo.
Alemanha e Equador assinaram um convênio de 36 milhões de euros para a proteção de Yasuní e outros 7 milhões de euros para projetos ambientais entre 2013 e 2014.
O ministro do Exterior equatoriano afirmou que os recursos para Yasuní não foram desembolsados, enquanto que o financiamento dos outros projetos será devolvido ao governo alemão nas próximas semanas.
Nos últimos anos, o Equador tem posto fim, de maneira unilateral, a vários convênios de cooperação internacional, especialmente com os Estados Unidos, argumentando a defesa de sua soberania.
CA/epd/rtr
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