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Autoridades removem acampamento no centro de Hong Kong

08:52 | Dez. 11, 2014
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Operários retiram tendas e barricadas dos protestos pró-democracia que há mais de dois meses interditavam a área próxima aos prédios do governo. Militantes oferecem pouca resistência, mas prometem voltar às ruas. As autoridades de Hong Kong iniciaram nesta quinta-feira (11/12) a retirada total dos acampamentos dos militantes pró-democracia que interditavam parte do centro da metrópole há 75 dias. Acompanhados por centenas de oficiais de justiça e policiais, e utilizando cortadores de cabos de metal, os operários removeram as barricadas no bairro de Admiralty, próximo aos prédios do governo e do distrito financeiro. As manifestações estudantis para exigir eleições livres, em maioria pacíficas, começaram em setembro e vêm representando um dos mais sérios desafios à autoridade da China desde que, em 1989, manifestações pró-democracia foram reprimidas de forma sangrenta na Praça da Paz Celestial, em Pequim. "Espírito do movimento ainda vive" Apresentando pouca resistência, os manifestantes reuniram travesseiros, cobertores e outros pertences de dentro de suas barracas, preparando-se para se retirar. Policiais foram vistos carregando para fora dois ativistas, enquanto os operários lentamente desmantelavam andaimes de bambu, assistidos por uma multidão de espectadores e representantes da mídia. "Acho que o espírito do movimento ainda vive, mas a ideia de ocupar ruas acabou", opinou o estudante Andrew Chan, de 20 anos, ao deixar o acampamento. "Não conseguimos sequer reunir uma grande multidão para vir hoje lutar contra a polícia que limpa o local." A remoção dos acampamentos de Admiralty ocorre mais de duas semanas após autoridades retirarem barricadas de um local de protesto no bairro operário de Mong Kok, o que provocou várias noites de confrontos entre manifestantes e polícia, e a prisão de 160 pessoas. Alguns manifestantes ainda permanecem na zona comercial movimentada de Causeway Bay. "Vamos voltar" Centenas de policiais vasculharam outras partes no bairro de Admiralty, verificando as tendas antes de removê-las, juntamente com as barricadas de metal, folhas de plástico e guarda-chuvas, que os ativistas haviam usado durante os confrontos para se proteger contra os sprays de pimenta e golpes de cassetete dos agentes de segurança. Alguns manifestantes desdenharam das advertências da polícia, bradando "Queremos sufrágio universal" e palavras de ordem contra o chefe executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, e atirando papéis com a frase "Vamos voltar". "Pode haver remoção hoje, mas as pessoas vão voltar às ruas num outro dia", desafiou o líder da federação estudantil de Hong Kong, Alex Chow. As autoridades da região administrativa especial chinesa avisaram explicitamente que usariam violência "se necessário", para retirar os acampamentos, advertindo contra "grupos radicais" entre os ativistas. Na noite de quarta-feira, cerca de 10 mil pessoas participaram, mais uma vez, de uma passeata de solidariedade em Admiralty. Sem concessões de Pequim O movimento pela democracia na metrópole financeira chamou a atenção da opinião pública mundial, mas não obteve nenhuma concessão do governo. Os protestos atraíram mais de 100 mil em seu auge, quando estudantes deram vazão à sua revolta com a recusa de Pequim de permitir reformas eleitorais, assim como de garantir maior democracia em Hong Kong. Os manifestantes exigem nomeações livres para as eleições em 2017 que, pela primeira vez, escolherão um novo líder do Executivo de Hong Kong. Pequim anunciou que permitirá a votação, mas apenas entre candidatos pré-selecionados. Até então sob administração britânica, o centro financeiro asiático voltou ao domínio de Pequim em 1997, sob a fórmula "um país, dois sistemas", que lhe confere maior autonomia e liberdade do que dispõe o continente chinês. MD/ap/rtr/afp/dpa

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