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Milhares de mexicanos protestam contra desaparecimento de 43 estudantes

00:13 | Nov. 21, 2014
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Depois de cruzarem o país, marchas conduzidas por familiares e colegas dos jovens chegam à capital para pedir o fim da impunidade. Após confrontos com a polícia, 15 manifestantes são presos. Dezenas de milhares de pessoas marcharam nesta quinta-feira (20/11) em direção à principal praça da capital mexicana, numa manifestação contra o desaparecimento de 43 estudantes. O caso se tornou uma bandeira de protesto para os mexicanos, fartos da violência e da impunidade. Os estudantes de magistério desapareceram em setembro e, de acordo com a confissão de três suspeitos, podem ter sido massacrados por narcotraficantes em cumplicidade com as autoridades locais. "Eu vim porque não quero que isso aconteça com a minha filha", disse Alma Hernández, uma trabalhadora, acompanhada da filha de seis anos. Muitos manifestantes balançavam bandeiras e pediam a renúncia do presidente Enrique Peña Nieto. A manifestação foi dividida em três marchas, que receberam o nome de estudantes desaparecidos (mapa) e cujo objetivo era chegar à praça do Zócalo, na Cidade do México, frequente palco de protestos. O local foi tomado por soldados, que não deixaram espaço para a tradicional parada de 20 de novembro, o aniversário da Revolução Mexicana de 1910. Durante sete dias, os três grupos conduzidos por familiares e colegas dos 43 jovens desaparecidos perto de Iguala, no estado de Guerrero passaram por várias áreas do país, para mobilizar a população a apoiar a causa pelo fim da impunidade. Antes do momento crucial na praça, um grupo de cerca de 200 jovens encapuzados lançou pedras e coquetéis molotov contra policias que formaram um cerco para barrar o acesso ao aeroporto da cidade. Os policiais responderam com gás lacrimogêneo. Quinze manifestantes foram presos e dois policiais ficaram feridos, segundo as autoridades. O lema da manifestação é "Eles os levaram com vida, e nós os queremos com vida de volta". "Não são apenas 43, são milhares", diz Omar García, um dos sobreviventes do ataque de policiais aos estudantes em perto de Iguala. Desde 2006, ao menos 26 mil pessoas desapareceram no México, e 150 mil foram assassinadas. Enquanto isso, o presidente acusa "grupos" de quererem desestabilizar o México, de sabotarem projetos governamentais e se esconderem atrás dos protestos violentos das últimas semanas. "Se Peña Nieto realmente vê uma campanha política contra ele, ele aparentemente subestima completamente a força e a determinação dos pais", afirma Christiane Schulz, especialista em direitos humanos. Peña Nieto mostrou desinteresse no caso dos estudantes de Iguala, transferindo a responsabilidade para o estado de Guerrero. O único encontro do presidente com os pais dos jovens desaparecidos até o momento só ocorreu seis semanas após o sumiço. LPF/rtr/afp/dpa/dw

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