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Denúncias de corrupção esquentam último debate presidencial

05:57 | Out. 25, 2014
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A dois dias do segundo turno, candidatos retomam postura agressiva. Acusações de corrupção na Petrobras e mensalão do PT são usados por Aécio para atacar Dilma, que lembra crise da água em São Paulo para atingir tucano. As recentes denúncias de corrupção na Petrobras abriram o último debate presidencial do segundo turno entre os candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), na noite desta sexta-feira (25/10), transmitido pela TV Globo. A apenas dois dias das eleições, os dois voltaram a se enfrentar e a trocar acusações, mantendo a linha adotada pelas campanhas nas três últimas semanas. Aécio Neves perguntou se a petista e o ex-presidente Lula sabiam do esquema de desvio de dinheiro da estatal, como foi divulgado na última edição da revista Veja. A denúncia estaria em um depoimento dado pelo doleiro Alberto Yousseff, ao qual a revista teria tido acesso. "A publicação fez uma calúnia e o senhor a endossa. Manifesto minha inteira indignação", defendeu-se a presidente. "Essa revista tenta dar golpes eleitorais na reta final das campanhas desde 2002. O povo sabe que essa informação está sendo manipulada." Depois do debate, em entrevista a jornalistas, o tucano mencionou o ataque ao prédio da revista Veja, em São Paulo, que foi alvo de um ato de vandalismo na noite de sexta-feira. "Vândalos criminosos atacaram o prédio de um importante veículo de comunicação, que nada mais fez do que mostrar denúncias em relação a esse governo. Isso é muito grave. A democracia que nós conquistamos pressupõe, como um de seus pilares fundamentais, a absoluta liberdade de expressão e, em especial, de imprensa", afirmou. Aécio disse ainda que, se eleito, irá remover a atual diretoria da Petrobras de forma "imediata". Dilma, por sua vez, garantiu que durante sua campanha nunca foi usado dinheiro de caixa dois. A publicação da edição semanal da Veja, que sempre ocorre aos domingos, foi adiantada para a sexta-feira, um dia depois de pesquisas do Ibope e Datafolha apontarem vantagem de Dilma sobre Aécio, fora da margem de erro. O escândalo do mensalão também foi usado pelo tucano para confrontar a petista. "Membros do seu partido acham que são heróis nacionais", afirmou. Assim como no debate anterior, Dilma apontou casos de corrupção envolvendo o PSDB e disse que nunca "engavetou" denúncias. "O mensalão do seu partido (PSDB) não teve nem julgados nem punidos", devolveu a petista. O mensalão do PT voltou a ser debatido com a pergunta de uma eleitora indecisa. "Existe uma medida que está acima de todas as outras e não depende do Congresso Nacional para acabar com a corrupção no Brasil: vamos tirar o PT do governo", afirmou o tucano em meio a aplausos e vaias da plateia. "Eu vou condenar corruptos e corruptores", rebateu Dilma. Temas que ficaram ausentes nos últimos três debates realizados no segundo turno entraram em pauta com as perguntas de eleitores indecisos selecionados pelo Ibope. Eles questionaram os candidatos sobre assistência social, saneamento básico e políticas de combate às drogas. Agressões e gafes Os candidatos, que haviam baixado o nível de agressividade no último debate, voltaram a se atacar. As gafes não passaram despercebidas e foram várias vezes usadas para ridicularizar o oponente. Ao falar de economia, Aécio se confundiu e errou o nome de um ministério. Dilma não perdoou. Em meio a risadas, a petista disse que a tal pasta não existia: "Candidato, não tem Ministério do Desenvolvimento Econômico, tem Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio." Pouco depois, Aécio teve a oportunidade de revidar. Em pergunta sobre educação, Dilma se equivocou e afirmou que Aécio tinha sido "líder do governo FHC". O tucano a corrigiu: "Eu era líder do PSDB, mas vamos deixar isso um pouco mais barato". Com o microfone desligado, a petista disse que "dá no mesmo". A resposta foi rapidamente aproveitada por Aécio: "Para quem não conhece o Congresso Nacional, talvez sim, mas é muito diferente, muito diferente", disse, para a euforia dos tucanos na plateia. Novamente, o mediador do debate, o jornalista William Bonner, teve que pedir silêncio. Em diversos momentos, Aécio criticou a petista por não ter apresentado um programa de governo. O tucano também debochou de algumas das falas de Dilma. "Muito confusa essa sua explicação", provocou Aécio, após uma resposta hesitante da presidente. Aécio tucano também aproveitou outro deslize de Dilma. A candidata havia dito que faria um governo melhor "neste próximo mandato". Ela acrescentou depois: "se for eleita". Ainda assim, Aécio atacou: "Vamos aguardar o eleitor decidir se a senhora terá um próximo governo, candidata." Até mesmo os possíveis futuros ministros da Fazenda foram motivo de bate-boca. "Eu tenho orgulho enorme do meu candidato a ministro da Fazenda. A senhora parece que não tem do seu, até porque já demitiu o atual ministro", afirmou Aécio, referindo-se a Guido Mantega. Aécio persistiu no discurso de que o crescimento do país é baixo e que a inflação está elevada, enquanto Dilma defendeu a política econômica em curso. O ex-governador de Minas Gerais mencionou elogios feitos pela petista em 2009, quando ela era ministra da Casa Civil do governo Lula. "Em relação a mim, ao meu governo, candidata, eu fico sempre com os enormes elogios que a senhora me fez. A senhora me considerava um dos melhores governadores do Brasil, um governador, abre aspas, para a senhora, exemplar. O que mudou? O fato de eu ser candidato e ser seu adversário hoje?", questionou, Aécio. Dilma retrucou que ele tinha "uma máquina de propaganda muito eficiente". "Eu acreditei no seu choque de gestão até saber que o senhor tinha conseguido transformar o estado de Minas no segundo mais endividado do país. Eu acreditei que o senhor investia em saúde e educação, até ler um parecer do TCU em que fica claro que o senhor não cumpria o mínimo constitucional. Nem em saúde nem em educação", respondeu a petista. De reforma política a porto em Cuba Ao falar sobre reforma política, Aécio defendeu o fim da reeleição. Dilma ironizou o fato de os tucanos terem criado a possibilidade de dois mandatos presidenciais e disse ser favorável ao fim do financiamento empresarial das campanhas. Em relação à infraestrutura, Aécio disse que o atual governo ignorou a construção de estradas e ferrovias, mas financiou a construção do porto de Mariel em Cuba. "O que é mais grave: este financiamento vem com carimbo de secreto. Ele não é acessível à população brasileira. O que o seu governo tem a esconder?", questionou. Dilma passou ao ataque perguntando sobre a crise da água em São Paulo. "Planejar no estado mais rico do país é uma vergonha. Os estados do nordeste estão enfrentando a mesma seca e nenhum está nessa situação", afirmou. A candidata ironizou a gestão tucana, citando o colunista e humorista José Simão. "Vocês estão levando o estado a ter um programa 'Meu Banho, Minha Vida', é isso que vocês conseguiram, disse, causando risos na plateia. Aécio rebateu: "A ausência de planejamento é uma marca do seu governo. A transposição do São Francisco era para ter ficado pronta. Eu vou concluir a obra." No discurso final, Aécio falou do avô, o ex-presidente Tancredo Neves, e apresentou-se como o candidato "da mudança e da eficiência do estado." Assim como fez no penúltimo debate na TV Record, Dilma destacou a melhora das condições de vida do brasileiro: "O Brasil fez com que você crescesse e melhorasse de vida, não vamos permitir que isso volte atrás", declarou a presidente nas considerações finais.

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