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Líderes britânicos vão à Escócia para tentar barrar independência

16:23 | Set. 10, 2014
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Emocionado, David Cameron pede para escoceses votarem contra a separação do Reino Unido e reforça promessa de mais autonomia. Mídia britânica diz que fracasso na campanha pode custar cargo de primeiro-ministro. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, alertou, nesta quarta-feira (10/09) em Edimburgo, que o resultado do referendo sobre a independência da Escócia será "uma decisão não sobre os próximos cinco anos, mas sobre o próximo século". Cameron cancelou a sua participação na câmara baixa do Parlamento britânico e partiu para a capital escocesa, juntamente com o líder do Partido Trabalhista, Ed Miliband, e o liberal-democrata Nick Clegg, para tentar dar novo impulso à campanha do "não" à independência da Escócia. A viagem havia sido marcada em caráter de urgência, dois dias após a divulgação de uma pesquisa de opinião que colocava os partidários da independência à frente nas intenções de voto, causando efeito devastador entre os apoiadores do "não". Mudança de postura Falando a um grupo de apoiadores da união com o Reino Unido, Cameron disse que "ficaria com o coração partido se esta família de nações que reunimos, e com as quais fizemos tantas coisas, se separasse", declarou, num discurso definido como "muito emotivo" pelo diário The Guardian. Segundo o jornal, Cameron esteve "perto de ir às lágrimas". Trata-se de uma mudança de postura do primeiro-ministro, que até então havia preferido se manter à distância do debate. "Quero mais ao meu país do que quero ao meu partido", assegurou, acrescentando que algumas pessoas poderiam estar confundindo o referendo com uma eleição parlamentar normal. "Se estão fartos dos malditos conservadores, deem-lhes um chute e talvez iremos repensar", afirmou o premiê. Após defender intransigentemente o Reino Unido, Cameron alertou que a Escócia poderá ficar sem dinheiro após a independência, uma vez que Londres se "recusaria" a constituir uma união monetária com Edimburgo. Por outro lado, ele reforçou a promessa de que caso os escoceses optem pela permanência no Reino Unido, terão maior autonomia a partir de janeiro. "À beira de um ataque de pânico" Ainda segundo o The Guardian, os três dirigentes políticos não deverão aparecer juntos. Os trabalhistas se recusam a surgir ao lado de Cameron, que é muito impopular na região. No entanto, o líder do Partido Nacionalista Escocês, pró-independência, e primeiro-ministro do país, Alex Salmond, não pareceu se impressionar com a ofensiva de Londres. "Se o grupo de Westminster se lança na campanha, é porque está à beira de um ataque de pânico", afirmou. Enquanto Cameron discursava em uma sala fechada ao público, Salmond era cercado por uma multidão nas ruas da capital. "Quando nós trabalhamos para reforçar o poder do nosso parlamento, com o objetivo de criar empregos na Escócia, eles apenas procuram proteger os seus lugares", disparou o escocês. Alguns órgãos de imprensa também ironizaram a visita do trio Cameron-Cleg-Miliband. O tablóide The Sun chegou a exibir uma montagem em que os três líderes britânicos vestiam o tradicional 'kilt' escocês, numa desesperada tentativa de convencer os apoiadores do "sim". Risco de perder o cargo A viagem a Edimburgo é uma das intervenções mais significativas de Cameron na campanha, e revela uma crescente pressão sobre o líder conservador. Diversos meios de comunicação alertaram que o primeiro ministro poderá até mesmo ser forçado pelos críticos do seu partido a se demitir do cargo, caso não consiga impedir a Escócia de abandonar o Reino Unido. A inquietação por uma eventual vitória do "sim", fez com que a Bolsa de Londres iniciasse a sessão desta quarta-feira com baixa de 0,31%. O referendo será realizado no dia 18 de setembro. Um resultado a favor da independência significaria o fim de mais trezentos anos de união da Escócia com o Reino Unido. RC/lusa/ap/afp

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