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Propaganda eleitoral começa com homenagens a Eduardo Campos

05:21 | Ago. 20, 2014
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Assim como na última pesquisa Datafolha, momento "emocionalizado" após morte de candidato do PSB reflete-se na campanha no rádio e na TV. Programas dos principais partidos fazem referência ao legado político de Campos. Com o início da propaganda eleitoral no rádio e na TV, nesta terça-feira (19/08), a corrida presidencial ganhou um ritmo mais intenso. As duas inserções diárias nos dois meios de comunicação têm a função de apresentar ao eleitor as propostas dos candidatos e suas coligações. Mas a morte de Eduardo Campos, candidato do PSB, na última semana, provocou uma reformulação dos programas eleitorais veiculados no primeiro dia. "Neste ano em particular, [a campanha no rádio e na TV] ganhou uma dimensão bastante específica em função da morte de Eduardo Campos, que veio repaginar uma campanha que, até então, estava mais centrada em duas candidaturas: Dilma e Aécio", diz o cientista social Antonio Mazzeo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Para ele, a pesquisa do Datafolha divulgada nesta segunda-feira reflete o "momento emocionalizado' e consternado" da campanha, o que também se reflete nos programas nessa fase inicial. Na pesquisa, que considerou Marina Silva como substituta de Campos, a ex-ministra do Meio Ambiente apareceu empatada com Aécio Neves no primeiro turno. "A campanha que está começando agora tem um papel decisivo. Saberemos quem é que tem um potencial grande de captação de votos", afirma Paulo Cunha, professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB). Incertezas e influência Mesmo depois do desempenho de Marina na pesquisa do Datafolha, considerado surpreendente, e apesar de seu nome ser tido como certo para encabeçar a chapa, a possível candidata do PSB não teve voz no primeiro dia de propaganda política. Assim, o programa não só do PSB, mas também dos outros dois principais candidatos foi marcado por homenagens a Campos e referências a seu legado político. Para Mazzeo, o início da campanha será marcado por essa lembrança. "O PSB vai explorar isso, a própria Marina vai explorar isso e dizer que está comprometida com o programa de Eduardo Campos, mesmo que não esteja", considera. Por sorteio, a coligação do PSB foi a primeira a apresentar seu programa. Pela legislação eleitoral, as coligações têm tempo de rádio e TV proporcionais ao número de representantes que os partidos possuem na Câmara. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a coligação Com a Força do Povo, comandada pelo PT, tem 11min24s em cada programa; a coligação Muda Brasil, liderada pelo PSDB, 4min35s; e a coligação Unidos pelo Brasil, encabeçada pelo PSB, 2min03s. Apesar da grande diferença no tempo de exposição, coligações com minutos a menos podem obter vantagem se utilizarem os programas de maneira eficiente. Para Cunha, a presidente Dilma Rousseff, por exemplo, leva vantagem no tempo, mas a possibilidade de o discurso "patinar" ou se repetir é muito grande. Mazzeo considera que mais importante do que pensar no tempo é repensar o modelo dos programas eleitorais. "Da maneira como é colocada no rádio e na TV, a campanha é muito ruim, porque acaba não discutindo questões centrais dos programas partidários", disse. "O Brasil tem essa característica de se votar em pessoas e não em programas, plataformas políticas." Os dois especialistas concordam que, nos debates quando há confronto direto entre candidatos , é que o eleitor pode se informar melhor. Para Mazzeo, os debates "dão um quadro mais concreto do que os candidatos pensam". Cunha acredita que, nos debates, a ausência de "elementos visuais" e de imagem "adocicada" deixa a disputa mais acirrada. PSB: homenagens No rádio, logo pela manhã, foram tema a perda de Eduardo Campos e a "esperança para seguir em frente" com a preservação do seu legado político. O programa alternou locução e falas do ex-candidato, fazendo referência às "vozes das ruas", ecoadas durante as manifestações populares. "O Brasil tem jeito" foi uma das falas de Campos reproduzida, antes da entrada do jingle da campanha que fala em "coragem para mudar o Brasil". Ao som de Alceu Valença, Campos apareceu nos dois programas de TV (ao meio-dia e no horário nobre). O candidato conversava com jovens, trabalhadores. Imagens de arquivo de campanhas anteriores também foram usadas, dando destaque ao apoio de eleitores nas ruas, discursos em palanques e à aliança com Marina. A frase "não vamos desistir do Brasil" foi repetida com a imagem da família de Campos na tela. PSDB: "perda de confiança" Já Aécio Neves apareceu no vídeo dando a mesma mensagem que havia sido veiculada no rádio mais cedo: uma homenagem a Campos e referências aos pontos em comum. Em seguida, o programa mostrou Neves apresentando-se aos brasileiros de todas as regiões do país, com foco na economia e responsabilizando o governo atual pelo desempenho classificado como negativo. "O problema nunca foi e nunca é o Brasil. O problema é a forma como o Brasil vem sendo governado", disse. Para o candidato, as pessoas perderam a confiança: "Hoje, os brasileiros estão sozinhos, tendo que se virar para resolver seus problemas". PT: "mulher comum" Mais longo do que o dos concorrentes, o programa da coligação comandada pelo PT focou nas mudanças dos últimos anos de governo petista, na influência da crise internacional na economia e em obras de infraestrutura. "O Brasil está preparado para viver um novo ciclo de desenvolvimento", disse o locutor. Dilma foi apresentada como uma "mulher comum", que cuida da residência oficial "com o esmero de qualquer dona de casa". Numa fala informal e curta, a candidata abordou as dificuldades cotidianas e depois apareceu em cenas típicas de campanha, com apoiadores. O ex-presidente Lula da Silva apareceu falando da experiência como candidato reeleito e defendeu o segundo mandato da sucessora. "Vote sem nenhum receio", disse, dirigindo-se aos indecisos. Ao final, Lula voltou para falar da "perda de Eduardo Campos" e repetiu a frase: "não vamos desistir do Brasil".

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