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Funcionários da Disney são presos por pedofilia, diz tv americana

"Por que as pessoas trabalham na Disney? Porque querem um emprego bom e estável numa grande companhia, mas sempre haverá um pequeno grupo que está lá porque quer ver crianças", disse o xerife do condado de Polk, Grady Judd
16:45 | Jul. 15, 2014
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Pelo menos 42 funcionários da Disney e de outros parques de Orlando, na Flórida, foram detidos por crimes sexuais envolvendo menores ou por pornografia infantil desde 2006, segundo levantamento feito pela rede CNN.

 Destes, 35 trabalhavam em parques da Disney, em diferentes funções como guia e operador de atrações, ou ainda em lojas de souvenir, como segurança ou na manutenção de brinquedos. Cinco dos detidos trabalhavam no Universal Studios e dois no SeaWorld.

 Nenhum dos crimes envolveu crianças ou jovens que visitavam os parques, segundo os registros policiais, mas dois casos de posse de pornografia infantil foram registrados nas dependências da Disney. Dos detidos, 32 já foram condenados.

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 "Por que as pessoas trabalham na Disney? Porque querem um emprego bom e estável numa grande companhia, mas sempre haverá um pequeno grupo que está lá porque quer ver crianças", disse o xerife do condado de Polk, Grady Judd, à CNN. "Onde houver crianças haverá predadores sexuais que querem estar ali."

 Na última ação da polícia, realizada entre 10 de junho e 1 de julho, quatro funcionários da Disney e um do Universal Studios foram detidos. Um deles foi Allen Treaster, 40, concierge do hotel Animal Kingdom Lodge, que trabalhava antes na popular atração do Toy Store, no Hollywood Studios. Segundo a polícia, ele se apresentava, online, como "Big Teddy Bear for younger chaser", algo como "Ursão de pelúcia para jovens caçadores".

 Treaster foi detido quando chegou a uma casa onde achou que se encontraria com um garoto de 14 anos. Ele, no entanto, foi recebido por detetives, que trocavam mensagens com o pedófilo.

 Fantasia

 Treaster, que nos textos dizia estar em busca de uma "fantasia", primeiro alegou inocência. Contudo, em interrogatório gravado, confessou ter mantido relações com um adolescente de 15 anos que conheceu quase um mês antes. O funcionário da Disney chegou a viajar até a Geórgia para se encontrar com o garoto e leva-lo a um hotel.

 O único acusado que aceitou falar com a CNN foi Robert Kingsolver, 49, um ex-funcionário que cuidava da manutenção de brinquedos no Magic Kingdom. Ele foi detido depois de tentar se encontrar com o que achava ser uma garota de 14 anos. Foi recebido por um detetive.

 Ele alega inocência e diz que iria se encontrar com a jovem para protegê-la. Nas conversas pela internet com o detetive disfarçado, Kingsolver, porém, sugeriu que faria sexo oral com a falsa adolescente quando a encontrasse. Ele ficou preso dois dias.

 "Minha vida está arruinada. A vida da minha família e dos meus filhos está arruinada. Eu decepcionei fortemente os meus pais por causa de um mau julgamento", disse Kingsolver. Agora, ele não pode se conectar à internet ou ficar perto de crianças.

 Antecedentes criminais

 Em resposta à CNN, a porta-voz da Disney Jacquee Wahler disse que a empresa leva "muito a sério a responsabilidade de oferecer um ambiente seguro para as crianças e as famílias".

 "Tomamos amplas medidas, como checagem de antecedentes criminais antes da contratação e durante o período se serviço, monitoramento de computadores e firewalls [bloqueio de conteúdo]", disse. Ainda segundo a porta-voz, os números representam uma parcela ínfima entre os 300 mil funcionários que a Disney teve neste período.

 O porta-voz do Universal Studios, Tom Schroder, disse que a companhia, assim como a Disney e o SeaWorld, exige que todos os seus funcionários tenham o histórico criminal checado antes da contratação. "Temos tolerância zero com esse tipo de atividade. Nós lidamos com situações como essas de forma imediata e permanente", declarou.

 O funcionário da Universal Matthew Cody Myers, detido em julho acusado de ter relações com uma garota de 14 anos, foi demitido pelo parque. Myers disse ser inocente. O SeaWorld, por sua vez, disse manter "políticas e procedimentos" para evitar esse tipo de caso. "A segurança da nossa equipe e de nossos funcionários é a nossa prioridade", disse Nick Gollattscheck, porta-voz da empresa.

 Detector de mentiras

 Para o xerife Judd, empresas como a Disney, que lidam com crianças, deveriam podem usar polígrafos (detectores de mentiras) com candidatos a vagas de empregos. Por questões de privacidade e liberdades civis, a legislação americana proíbe que a maior parte das empresas privadas façam esse tipo de teste com empregados.

 Após o levantamento da CNN, o deputado republicano pela Flórida Dennis Ross propôs um texto que adicionaria uma exceção à lei de 1988 que regulamenta o uso de polígrafos nos EUA.

 A proposta é dar a empresas que lidam diretamente com crianças a opção de fazer esse teste com futuros funcionários, especialmente os que participarão de atividades de supervisão de crianças ou que vão interagir, com frequência, com crianças desacompanhadas. "Devemos isso a nós, a nossas crianças e ao nosso futuro, para assegurar que não deixaremos que o próximo predador encontre uma vítima", defendeu o deputado.

Folhapress

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