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Donetsk procura conviver com separatistas pró-russos e com o medo

16:50 | Jul. 08, 2014
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Tipo Notícia
Após a retomada de outras cidades do leste pelo Exército ucraniano, rebeldes se concentram na metrópole abandonada pela administração regional. Convivência ainda é pacífica. Mas moradores esperam e temem a libertação. Aparentemente, Donetsk se transformou numa cidade sitiada. De repente, no período de um dia, a metrópole na região industrial no leste da Ucrânia foi tomada por homens armados, vestindo uniformes de camuflagem, com o emblema da "República Popular de Donetsk" proclamada pelos separatistas pró-russos. Na maioria, eles são rapazes que circulam de arma na mão, recarregam os créditos de seus telefones celulares em terminais de serviço, tratam de seus assuntos bancários ou compram lâminas de barbear e meias nas lojas. Os habitantes da capital regional se comportam de maneira calma e reservada. Porém alguns preferiram ir embora, desde que chegaram a Donetsk os combatentes da "República Popular" vindos das cidades libertadas pelas forcas armadas ucranianas. Nas redes sociais conta-se que os separatistas ocuparam as repúblicas estudantis que ficam vazias no verão. As autoridades classificam a situação como "estavelmente tensa" e aconselham os moradores a evitarem conflitos com os separatistas e a ficar longe dos locais onde os homens armados se reúnem. Abandonados pelas autoridades Um desses locais de reunião é o escritório regional do serviço de segurança ucraniano SBU. Os pró-russos transformaram o prédio na sua fortaleza. "Há tempo os combatentes se instalaram lá. É o quartel-general deles, por assim dizer. Mas agora, são verdadeiras hordas", conta à DW Lyudmila, que mora próximo ao local. Além disso, as casas das vizinhanças foram ocupadas. "Agora se veem muitos carros que não estavam lá antes." Ela acredita que, ao se retirarem de Slaviansk, após a ocupação pelo Exército de Kiev, os separatistas simplesmente se apossaram de automóveis para chegar a Donetsk. Lyudmila trabalha como professora numa escola ao lado do prédio do SBU. Ela teme que, em caso de combates, sua instituição também entre na linha de fogo. "Se a escola for bombardeada, onde é que eu vou trabalhar?", pergunta. A moradora se sente abandonada pelo governo regional, que se retirou para a cidade de Mariupol. "Eles deixaram tudo para trás. Deixaram até o prédio da administração regional para os rebeldes. E aí foram os primeiros a fugir", relata. Esperança no diálogo Atualmente, muitos moradores se perguntam se Donetsk será mesmo bombardeada. À noite, já se ouvem explosões intensas. São ecos dos confrontos com artilharia pesada que ocorrem no aeroporto próximo e na aldeia de Karlivka. "O exército ucraniano atira, fazendo a terra tremer e os campos pegarem fogo", relata o agricultor Andrei. Sua fazenda em Karlivka também foi atingida por disparos. Ele responsabiliza pela atual situação no país tanto o ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovytch, que fugiu para a Rússia, como os oligarcas. Estes incitam as pessoas umas contra as outras, só seguindo os próprios interesses, acusa. Como os separatistas agora se entrincheiraram em Donetsk, o fazendeiro não acredita que vá haver paz em breve, prevendo: "Eles vão ser combatidos em plena cidade. Essas lutas vão ser mais sangrentas e devastadoras do que nas pequenas cidades." O temor de possíveis confrontos é sentido por toda parte, principalmente ao se conversar com os moradores. Tanto as muitas lojas protegidas com barricadas quanto os estabelecimentos e escritórios fechados mostram como a tensão cresce na cidade. Muitos trabalham de casa, para evitar ir desnecessariamente à cidade. O governador da região, Serguei Taruta, que, juntamente com seus funcionários, está exercendo o cargo a partir de Mariupol, espera que os confrontos não cheguem a Donetsk. "Os rebeldes ainda não deixaram nosso território, eles apenas mudaram de lugar", declarou à imprensa ucraniana. Taruta aposta em negociações, cujo objetivo deve ser os separatistas deixarem pacificamente o país. Neste meio tempo, o comandante da guarda nacional ucraniana, Stepan Poltorak, garantiu na televisão que Donetsk não será bombardeada.

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