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Confronto entre Israel e Hamas prossegue, apesar de anúncios de trégua

Para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, os combatentes do Hamas "violaram seu próprio cessar-fogo" ao prosseguir com o lançamento de foguetes contra Israel
15:59 | Jul. 27, 2014
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Tipo Notícia

As hostilidades prosseguiam neste domingo na Faixa de Gaza, onde o exército israelense respondia ao lançamento de foguetes do Hamas, embora o movimento islamita palestino tenha anunciado uma trégua de 24 horas.

Os dois grupos se acusaram mutuamente pelo prosseguimento dos confrontos, em detrimento de um eventual cessar-fogo na véspera da grande festa muçulmana do Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadã.

Para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, os combatentes do Hamas "violaram seu próprio cessar-fogo" ao prosseguir com o lançamento de foguetes contra Israel.

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"Israel fará tudo o que for necessário para defender seu povo", declarou Netanyahu em uma entrevista à rede de televisão americana CNN. "Espero que consigamos uma trégua duradoura que nos permita desmilitarizar Gaza", acrescentou, desta vez à rede CBS.

"Esperamos uma resposta oficial do inimigo", declarou, por sua vez, o porta-voz do Hamas em Gaza, Sami Abu Zuhri, que deu a entender que seus combatentes prosseguirão com o lançamento de foguetes enquanto Israel não parar com suas operações.

Segundo o exército israelense, 22 foguetes lançados de Gaza atingiram neste domingo o território israelense, enquanto o sistema de defesa antimísseis interceptou outros cinco. Nenhum deles deixou vítimas.

Com a aproximação do fim do Ramadã neste domingo ou na segunda-feira, os diferentes grupos parecem mudar de opinião continuamente com os anúncios sucessivos de um cessar-fogo solicitado pelas Nações Unidas, após a trégua mantida no sábado.

O Hamas rejeitou no sábado uma trégua de várias horas aprovada pelo Conselho de Segurança de Israel, ao exigir a retirada dos soldados do enclave palestino, onde entraram no dia 17 de julho, nove dias depois do início dos ataques aéreos.

Os bombardeios israelenses mataram neste domingo 11 palestinos, entre eles uma mulher cristã, segundo o último balanço dos serviços de emergência.

No total, a ofensiva israelense matou 1.031 palestinos, 75% deles civis, segundo a ONU, um balanço revisado em baixa apos uma análise detalhada dos restos mortais encontrados entre os escombros.

Ainda que seja alcançada uma trégua duradoura, persistem divergências em vários pontos.

Israel, que anunciou ter atacado 3.600 instalações terroristas e matado 320 combatentes do Hamas, quer levar até o fim sua missão de neutralização dos túneis ofensivos construídos pelo movimento islamita palestino e por sua aliada, a Jihad Islâmica.

Os túneis são utilizados para lançar ataques contra Israel, assim como para esconder seu arsenal e seus centros de operações. Para destruí-los, os responsáveis israelenses explicam que precisam estar em terra.

O exército descobriu 30 passagens subterrâneas e garantiu neste domingo ter destruído o túnel que foi utilizado por um comando do Hamas em um ataque que deixou sete soldados mortos há uma semana.

Por sua vez, o Egito anunciou ter descoberto 13 túneis que uniam a península do Sinai com a Faixa de Gaza, utilizados pelo Hamas utilizava para transportar combustível, suprimentos, armas e dinheiro ao reduto palestino.

O movimento islamita exige o levantamento do bloqueio imposto desde 2006 por Israel, que asfixia a economia deste território de 362 km2 onde vivem 1,8 milhão de pessoas, cuja vida diária depende, em boa parte, da ajuda humanitária.

As Nações Unidas e várias autoridades diplomáticas, entre elas o secretário americano de Estado, John Kerry, aumentam sua pressão sobre as partes em conflito.

Kerry voltou a Washington neste domingo, depois de passar uma semana no Oriente Médio na tentativa frustrada de alcançar um cessar-fogo no conflito, que já dura 20 dias.

Um alto funcionário americano afirmou que Kerry busca acertar uma série de tréguas temporárias, que levariam a negociações entre os dois lados no Egito sobre um plano permanente.

"Agora temos uma maneira de interromper o derramamento de sangue", declarou, pedindo anonimato.

No entanto, o governo israelense também precisa levar em conta a opinião pública de seu país, onde 85,6% dos israelenses se opõem a um cessar-fogo, segundo uma pesquisa divulgada pela rádio militar.

Os 43 soldados israelenses mortos representam o maior número de perdas desde a guerra contra o Hezbollah libanês, em 2006. Os foguetes lançados de Gaza mataram três civis em território israelense.

O conflito também deixou mais de 170.000 deslocados na Faixa de Gaza, 10% da população, que encontraram refúgio nas instalações das Nações Unidas.

AFP

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