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Com reforço policial, ato pró-palestinos em Berlim termina pacífico

17:08 | Jul. 25, 2014
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Protesto marca "Dia de Al-Qud", proclamado por aiatolá do Irã há 35 anos. Com um policial para cada dois manifestantes, não houve episódios violentos nem slogans antissemitas como em marchas anteriores. Entre bandeiras israelenses e palestinas, e apesar do clima exaltado, em parte agressivo, transcorreu sem violência a marcha contra a ofensiva israelense em Gaza realizada em Berlim nesta sexta-feira (25/07). Segundo estimativas da polícia, confrontaram-se na avenida Kurfürstendamm, no centro da cidade, cerca de 1.200 participantes e 600 opositores da manifestação separados por mil agentes de segurança. Dois participantes foram presos por pequenos delitos. Atendendo às regras impostas pela polícia berlinense e reiteradas por alto-falante pelos organizadores do protesto, foram evitadas, no geral, palavras de ordem explicitamente antissemitas como ocorrido em manifestações recentes. Ainda assim, houve tentativas dos manifestantes pró-palestinos de provocar os ativistas adversários. Ouviram-se slogans como "Israel assassino de crianças" ou, segundo o periódico Tagesspiegel, até mesmo "Israel para a câmara de gás". Cartazes traziam dizeres como "Chega de genocídio" e "Liberdade para Gaza"; enquanto do lado contrário exortava-se: "Vida longa a Israel". Eventos similares em outras cidades da Alemanha também se realizaram pacificamente. As passeatas contra a política de Israel desta sexta-feira foram organizadas no contexto do assim chamado "Dia Internacional de Al-Quds" muçulmano. "Dia de Al Quds" "Al-Quds" é nome árabe da cidade de Jerusalém. No entanto, a comemoração anual de um "Dia de Al-Quds", marcando o fim do mês de jejum Ramadã, é um produto de exportação iraniano. Ele foi introduzido em 1979 pelo líder religioso aiatolá Khomeini. Sua meta era recordar a ocupação do leste de Jerusalém por Israel, na Guerra dos Seis Dias de 1967, conclamando a comunidade islâmica internacional à "libertação" e mobilizando-a contra o Estado judaico. Até hoje, a data é feriado nacional no Irã e marcada por manifestações de massa, em diversas partes do mundo. Na Alemanha, até 2000 eram sistematicamente registrados tumultos e agressões durante as passeatas do "Al Quds", sobretudo na capital. Porém, nos últimos anos o número de participantes vinha decaindo, e o dia ganhou, antes, caráter de manifestação pacífica. Neste ano, contudo, a data era aguardada com expectativa renovada. Diante da escalada do conflito armado entre israelenses e palestinos na Faixa de Gaza, a manifestação anual se conecta inevitavelmente à recente série de marchas pró e anti-Israel em toda a Alemanha, que denotam um avanço das manifestações de ódio a judeus. Especialmente alarmantes têm sido os sinais registrados nos recentes protestos contra a ofensiva militar israelense. Num contexto confuso, que reunia tanto ativistas árabes quanto pacifistas e membros da extrema direita alemã, ouviam-se velhos slogans de propaganda antissemita. Houve até mesmo agressões contra passantes judeus e paralelamente ocorreram ataques contra sinagogas. Apelo contra ódio e discriminação A associação que organizou o evento desta sexta-feira, denominada Al-Quds AG, é acusada de ligações com o movimento xiita libanês Hisbolá e está sob a observação do Departamento alemão de Defesa da Constituição. Na véspera do "Dia de Al-Quds" ocorreram três outras passeatas pró-palestinos em Berlim, e para o sábado estão programadas pelo menos mais duas. Antecipando as manifestações, numerosas personalidades da política, economia, esporte, cultura e mídia alemãs condenaram o antissemitismo em declarações ao jornal Bild. O presidente Joachim Gauck conclamou "a todos" para "elevarem sua voz, se houver um novo antissemitismo pelas ruas". A chanceler federal Angela Merkel falou de um "ataque à liberdade e à tolerância, que não será aceito". A ministra da Defesa Ursula von der Leyen instou a que se mostre mais coragem civil contra o ódio aos judeus. "Devemos escutar os que veem caminhos para a reconciliação e para uma convivência sem terror nem medo", declarou. Segundo o diretor executivo da montadora Volkswagen, Martin Winterkorn, "não pode haver lugar para a discriminação e o ódio na Alemanha", e todos devem lutar "por uma sociedade livre, aberta e democrática". Organizadores negam antissemitismo Segundo fontes da polícia de Berlim, haviam se registrado para as passeatas do "Dia de Al-Quds" 1.500 pessoas (contra 800 no ano anterior), assim como 400 opositores aos protestos anti-Israel. Em resposta, as autoridades anunciaram um "sensível aumento" da presença policial, incluindo tradutores e agentes de segurança estatal. A intenção era garantir que as normas para realização de manifestações fossem rigorosamente respeitadas. Já na segunda-feira, a polícia berlinense proibiu a queima de bandeiras ou de bonecos. Também foi interditado o uso de palavras de ordem aplaudindo que quaisquer pessoas sejam assassinadas, feridas ou sequestradas. Em entrevista à Deutsche Welle, Jürgen Grassmann, da Al-Quds AG, garantiu que sua associação é absolutamente pacífica: seu grupo de trabalho, composto informalmente, apenas organiza as passeatas anuais e mantém um portal de internet, disse. Se ocorrem distúrbios, eles devem ser atribuídos a adeptos de grupos fundamentalistas islâmicos, assegurou Grassmann. Ele que enfatizou repetidamente não ser antissemita afirma não gostar que os islamistas participem das manifestações, porém, argumentou, "não se pode impedi-los". AV/dw/afp/kna/dpa

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