Participamos do

Onda de ataques de extremistas eleva instabilidade no Iraque

13:43 | Jun. 11, 2014
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia
Em menos de uma semana, ataques terroristas deixaram mais de 150 mortos. Agora no controle da segunda maior cidade do país, grupo ligado à Al Qaeda se fortalece, e vice-premiê aponta colapso das forças de segurança. Uma onda de terror tomou conta do Iraque. Mais de 150 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas desde o último final de semana. Na província ocidental de Al-Anbar, a universidade de Ramadi foi invadida e estudantes foram feitos reféns. Depois de horas, o Exército conseguiu libertá-los, mas em uma ação violenta. Ao mesmo tempo, bombas continuam a explodir na capital Bagdá e na província de Diyala. Desde terça-feira (10/06), a segunda maior cidade do país, Mossul, capita da província de Ninawa, está controlada por extremistas islâmicos. A sede do governo foi atacada e mais de 2.400 presos foram libertados. Enquanto,o governador tentava se proteger, a maior parte da cidade foi tomada pelos terroristas. O terror parte do grupo sunita Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), braço da Al Qaeda. Há seis meses, a organização vem causando prejuízos no Iraque e na Síria. Após Fallujah, Mossul é a segunda cidade do país conquista pelo grupo. "É um desastre na segurança", disse Saleh al-Mutlaq, vice-primeiro-ministro do Iraque, para quem as forças de segurança estão em "colapso ". O político é de Fallujah, cidade de maioria sunita, que fica na província de Al-Anbar e desde janeiro é controlada pelo EIIL. O grupo já conseguiu alcançar Abu Ghraib, no subúrbio de Bagdá. Na eleição parlamentar de 30 de abril, o primeiro-ministro Nuri al-Maliki prometeu uma operação militar para libertar a província. Mas nada foi feito e o grupo está, cada vez mais, expandindo suas bases operacionais. Agora a província de Ninawa também pertence aos terroristas. Mossul era considerada o último reduto da Al Qaeda. A província foi pacificada pela a aliança dos líderes tribais Sahwa, promovida pelos Estados Unidos. E permaneceu em paz, pelo menos até a retirada das tropas americanas, em 2011. Exército dividido Atualmente, segundo o governo iraquiano, o caos absoluto prevalece na região. Praticamente todo o norte do país está na mira do EIIL. Maliki pediu na televisão que o novo Parlamento eleito se reúna e declare estado de emergência na província. "O Exército tem 1,5 milhão de soldados e não pode prover ordem e tranquilidade?", questiona Mutlaq. O comandante supremo das forças armadas iraquianas é o chefe de governo, mas Maliki não conseguiu, durante seu mandato anterior, ocupar os postos de ministro de Defesa e do Interior. O Exército iraquiano foi dissolvido pelo administrador civil americano no Iraque, Paul Bremer, após a invasão dos Estados Unidos ao país. A partir de então, os americanos procuraram constituir novas forças de segurança, representadas por todos os povos que vivem no Iraque. A tentativa foi um sucesso, e há três anos o Exército iraquiano possuía reputação de neutralidade em meio ao caos políticos. Mas isso mudou. Milhares de soldados abandonaram as Forças Armadas. Batalhões inteiros renunciaram ao serviço militar. Grande parte dos que saíram do Exército são curdos, insatisfeitos após Maliki entrar em choque com o governo regional do Curdistão por questões relacionadas ao petróleo. Guerra civil Em Mossul, centenas de soldados, principalmente sunitas, teriam abandonado seus postos com a chegada do EIIL. Eles não querem mais combater ao lado do primeiro-ministro xiita, que segundo eles não respeita os interesses da minoria sunita. Maliki e seu vice sunita também têm diferenças. Há dois anos e meio, Mutlaq chamou o primeiro-ministro de "ditador fracassado", e acabou sendo suspenso de seu posto de vice. Maliki retirou todas as licenças e permissões concedidas a Mutlaq e seu pessoal, além de restringir sua liberdade de ação. Mas o primeiro-ministro ainda precisava de Mutlaq como mediador em sua cidade-natal, Fallujah. As manifestações de sunitas, que começaram em dezembro de 2012, não pararam. Eles exigiam mais poder, mais participação no processo político, mais vagas no Exército e na polícia. Segundo o vice-primeiro-ministro, na época, as negociações conduzidas por ele, em Al-Anbar, teriam evitado uma guerra civil. Em meados de abril, quando Mutlaq seguia para Abu Ghraib para negociar com um representante do EIIL, ele escapou por pouco de um atentado. Mutlaq garante que foi alvo do Exército, e não de terroristas. E agora, afirma, não está mais tão seguro de que pode impedir uma guerra civil.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente