UE amplia sanções para aumentar pressão sobre Moscou
Pela primeira vez bloco mira em empresas da Crimeia nacionalizadas pela Rússia após anexação da península. Diplomatas alertam para possibilidade de mais restrições caso haja problemas durante eleição ucraniana.
A União Europeia ampliou nesta segunda-feira (12/05) as sanções contra envolvidos no conflito na Ucrânia, foco da maior crise diplomática entre Ocidente e Moscou desde a Guerra Fria. Além de incluir 13 pessoas de identidade ainda não revelada em sua lista de vistos negados e bens congelados, o bloco impôs, pela primeira vez, restrições a empresas russas.
Com o objetivo de pressionar as partes envolvidas no impasse, a UE decidiu congelar os bens de duas empresas na Crimeia que foram nacionalizadas pela Rússia logo após o referendo que garantiu a anexação da península autônoma ao território russso.
"Decidimos adotar uma nova lista de pessoas sujeitas a sanções, assim como entidades que se beneficiaram da anexação ilegal da Crimeia", disse o ministro francês de Assuntos Europeus, Harlem Desir. "A decisão confirma a grande determinação da UE em garantir que a integridade territorial e a soberania da Ucrânia sejam respeitadas."
Após uma reunião em Bruxelas, o bloco afirmou que sanções mais duras podem ser impostas caso "ações e provocações" dificultem a campanha para as eleições presidenciais ucranianas, marcadas para 25 de maio.
Em comunicado, o bloco afirmou que acompanhará "com atenção" as atitudes e o comportamento de todas as partes envolvidas na crise para a realização de eleições "livres e justas" na Ucrânia.
Apesar de a nova rodada de sanções ser um passo adiante na estratégia de pressionar a Rússia, as medidas tomadas pela UE ainda estão aquém das impostas pelos EUA, que anunciaram restrições a pelo menos 17 empresas.
A reticência do bloco em aplicar sanções contra a Rússia se deve em parte à forte dependência de energia vinda do país para alguns dos membros da UE.
Alguns países-membro do bloco temem que sanções comerciais contra a Rússia acabem prejudicando suas próprias economias, que ainda estão em processo de recuperação após a crise. Entre os integrantes da UE mais reticentes em intensificar as sanções estão Itália, Grécia, Chipre, Bulgária, Luxemburgo e Espanha.
Solução política
Ao mesmo tempo em que pressiona a Rússia, a União Europeia tenta encontrar uma solução política para a crise na Ucrânia.
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, foi nesta segunda-feira a Kiev para conversas com o governo interino. O objetivo da visita é promover o diálogo e tentar pôr um fim à violência antes das eleições do dia 25. O ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, também visitará o país nesta semana.
A Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) está organizando uma série de encontros e discussões entre as diferentes forças políticas na Ucrânia, que deve começar ainda nesta semana.
"Essas mesas-redondas devem unir representantes do governo nacional, do Parlamento ucraniano e de outras regiões", disse o presidente da OSCE, Didier Burkhalter. Segundo ele, no entanto, grupos armados não devem participar das discussões.
RM/ap/rtr/dpa
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