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Eleição para o Parlamento Europeu tem desafio de empolgar eleitorado

14:18 | Mai. 20, 2014
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Participação nas votações da UE diminui de forma constante. Para especialistas, um dos motivos do pouco interesse dos eleitores é o destaque pequeno que os partidos nacionais dão às questões europeias. Durante muito tempo, os partidos davam a impressão de querer enviar ao Parlamento Europeu os políticos mais obscuros de suas legendas. Não é de admirar que os cidadãos quase não prestem atenção no que ocorre na União Europeia e em suas instituições. Os números confirmam isso: o índice de participação nas eleições europeias desde que começaram, em 1979, tem diminuído de forma constante. Na Alemanha, por exemplo, 43,3% dos eleitores fizeram uso de seu direito de voto em 2009, em linha com a média europeia. A lanterninha da estatística foi a Eslováquia, com participação de apenas 20%. As razões são muitas: a maioria dos cidadãos não tem consciência dos deveres e poderes do Parlamento Europeu. E não sabem da influência das decisões em Bruxelas e Estrasburgo sobre suas vidas. Sem espaço suficiente Para Rebecca Harms, líder da bancada do Partido Verde no Parlamento Europeu, um motivo está na falta de uma esfera pública europeia. "O foco de atenção nunca está primeiro em Bruxelas, mas sempre nas capitais dos Estados-membros", diz. Embora as questões europeias tenham sido apresentadas frequentemente aos cidadãos através das crises dos últimos anos, a UE continua desfrutando de uma atenção limitada entre os habitantes do bloco. "Um problema é que as opiniões públicas nos países ainda percebem muito pouco as diferenças entre os vários partidos e a negociação real em Bruxelas", opina a cientista política Daniela Kietzmann, do Instituto Alemão de Assuntos Internacionais e de Segurança. Segundo Harms, os partidos nacionais são responsáveis por isso. Para ela, falta espaço tanto para as questões europeias, como para personalidades europeias. Daniela Kietzmann também acha que é tarefa dos partidos nacionais tornar visível a política europeia. Para o deputado e vice-presidente dos Conservadores e Reformistas Europeus, Derk Jan Eppink, é importante que os cidadãos disponham de escolhas reais. "No início, todos os alemães, todos os franceses, e todos os holandeses eram a favor da Europa. Agora, não há somente pontos de vista diferentes sobre como a Europa deve ser, mas até mesmo partidos no Parlamento Europeu que se dizem contra a UE", ressalta. Políticos de ponta no nível europeu Outro problema é a falta de personalidades de identificação no palco europeu. Os partidos só podem combater esse problema escolhendo seus candidatos de proa para o cargo de presidente da Comissão Europeia. De acordo com a legislação da UE, os chefes de Estado e de governo devem considerar os resultados das eleições europeias ao sugerirem o nome que deverá assumir a presidência da Comissão. Segundo com a interpretação da maioria dos deputados, o candidato da bancada mais forte deve ser sugerido para o cargo. Na opinião de Derk Jan Eppink, no entanto, o Parlamento interpretou as mudanças de forma errada: "Ele propõe uma eleição que não existe na verdade." Eppink acredita que os cidadãos são iludidos, ficando com a impressão que podem ter influência direta na escolha do posto mais alto da União Europeia. Mas há também os candidatos que não podem se dar ao luxo de se candidatar, porque exercem outros cargos no momento. No entanto, eles poderiam ser escolhidos posteriormente, caso o Conselho Europeu considere os resultados da eleição europeia. Listas transnacionais Eppink considera um problema semelhante uma possível introdução de listas transnacionais para as eleições europeias, como já foi cogitado para as próximas eleições desse mês. Segundo a ideia, uma parte dos deputados em toda a Europa iria se candidatar às eleições. A proposta do liberal Andrew Duff previu dois votos para cada cidadão um para o partido nacional e um para a lista transnacional. O projeto, entretanto, não conseguiu maioria no Parlamento. Eppink considera essa ideia um mito. "Não é possível recorrer a listas europeias de candidatos conhecidos em toda a Europa e que dominem todas as línguas da União Europeia", pondera. "Se os políticos em seu próprio país já não conseguem convencer a população, então como políticos de outro país conseguiriam isso?", questiona. A cientista política Daniela Kietzmann considera, no entanto, essa proposta uma ideia pragmática e ousada. "Conseguiríamos fugir um pouco de pensar somente em categorias nacionais", avalia, acrescentando que a proposta não exigia uma reviravolta completa no sistema eleitoral, mas somente o acréscimo das listas europeias. Para Rebecca Harms, a proposta está em conformidade com os desejos dos cidadãos de serem capazes de ter uma melhor imagem dos políticos e das questões europeias. "É um grande desafio. Mas até agora, a UE tem trabalhado bem com as várias línguas e diferenças culturais", observa. "Isso não vai fazer com que a Europa fracasse. Porque o projeto europeu, em muitos aspectos, é um projeto que vive da tradução."

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