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Cannes vive clima de suspense na véspera da premiação

O júri da 67º edição anunciará os prêmios na noite de sábado, 24, depois de deliberar em um local nas alturas de Cannes mantido em segredo
17:49 | Mai. 23, 2014
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O clima era de suspense em Cannes nesta sexta-feira, véspera do anúncio do vencedor da Palma de Ouro e após a aparição na reta final de dois fortes competidores: "Mommy", de Xavier Dolan, de 25 anos, e "Leviathan", do russo Andrei Zvyagintsev. Outros filmes com fortes chances de levar o prêmio, segundo os críticos de Cannes, são o drama turco "Kis Uykusu" ("Sonho de inverno"), de Nuri Bilge Ceylan, "Deux jours, une nuit", dos irmãos Dardenne, sobre a precariedade econômica, uma biografia sobre o pintor Turner, do britânico Mike Leigh, e "Timbuktu", do mauritano Abdehrrahmane Sissako.

Mas o suspense está prestes a acabar: após 12 dias de projeções, festas às margens do mar, anúncios e rumores, o júri do 67º Festival de Cannes presidido pela neozelandesa Jane Campion e integrado, entre outros, pelo mexicano Gael García Bernal, anunciará os prêmios na noite de sábado, depois de deliberar em um local nas alturas de Cannes mantido em segredo. A um dia do veredicto, os críticos do mundo que viajaram a Cannes para o maior evento cinematográfico do planeta fazem suas próprias previsões, e muitos apostam em "Mommy", o filme do jovem prodígio canadense.

Dolan surpreendeu Cannes com uma produção inovadora e forte sobre a relação de uma mãe solteira com um filho com problemas emocionais, que caiu como um raio sobre este Festival. Se Dolan conquistar a Palma de Ouro - aspirada por 18 filmes, entre eles "Adieu au langage", do octogenário Jean-Luc Godard, e "Relatos salvajes", uma comédia de humor-negro do argentino Damián Szifrón - será o segundo diretor mais jovem a receber o prêmio máximo, depois do francês Louis Malle, que levou a Palma aos 23 anos, em 1956, com "O mundo do silêncio", um documentário sobre Jean-Jacques Costeau.

A última surpresa da competição foi "Leviathan", de Zvyagintsev, que retorna a Cannes três anos depois de participar da sessão oficial Um Certo Olhar com "Elena". Este drama sobre a Rússia contemporânea, rodado em uma pequena aldeia às margens do mar de Barents (norte), foi muito aplaudido na sessão reservada à imprensa, e foi classificado de obra-prima pelo crítico do jornal britânico The Guardian, Peter Bradshaw. "Meu filme fala do que conheço, a realidade da sociedade russa contemporânea", declarou em Cannes o diretor russo de 50 anos.

Antes da chegada de "Mommy" e do filme russo à competição - que apresentou desde dramas sobre a guerra na Chechênia, como "The Search", do francês Michel Hazanavicius, com Berénice Bejo, a uma sátira das estrelas de Hollywood, de David Cronemberg, nenhum dos quais seduziu a crítica - os apontados como vencedores eram o turco "Kis Uykusu" (Sonho de Inverno), a biografia sobre Turner e o filme dos Dardenne. O drama longo e meditativo de Ceylan, que capta a grandiosidade da paisagem do centro de Anatolia, e a produção dos Dardenne, "Deux jours, une nuit", com Marion Cotillard, lideravam nesta sexta-feira a lista da publicação especializada Le Film Français.

Na revista Screen lidera o filme "Mr Turner", de Mike Leigh, de 77 anos, sobre o pintor britânico considerado precursor dos impressionistas, cujo protagonista, o grande Timothy Spall, mereceria levar o prêmio de melhor ator, para a publicação. Os críticos também citam como forte concorrente "Timbuktu", no qual Sissako faz uma denúncia do obscurantismo religioso. Visualmente muito bonito, o filme sobre a guerra santa lançada há dois anos contra a lendária cidade de Timbuktu, no norte do Mali, é uma das duas produções políticas que competem em Cannes. O outro é "Jimmy's hall", do britânico Ken Loach, que denuncia, como o de Sissako, o fundamentalismo religioso, neste caso na Irlanda nos anos 1930.

Este filme, que foi bem recebido pela crítica, não aparece nas listas de fortes concorrentes à Palma de Ouro, mas pode receber outro prêmio. As projeções do concurso oficial serão concluídas na noite desta sexta-feira, com "Sils Maria", do francês Olivier Assayas, com Juliette Binoche, Kristen Steward e Chloé Grace Moretz, sobre uma atriz no topo de sua carreira que enfrenta a questão da idade, e que recebeu aplausos calorosos entre a imprensa nesta manhã.


No entanto, seja qual for a decisão de sábado do júri de Canes, será uma que o público normalmente não costuma concordar, como se reflete nas bilheterias: o jornal Nice Matin lembrava nesta sexta-feira que "Pulp Fiction", produção com a qual Quentin Tarantino obteve a Palma de Ouro em 1994, é o único filme entre os coroadas neste Festival que também fez sucesso entre o grande público. É seguido por "Apocalypse Now", de Francis Ford Coppola, premiado em 1979.

AFP

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