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EUA negam visto para embaixador da ONU indicado pelo Irã

11:55 | Abr. 12, 2014
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Acusado de ter participado de ação que manteve 52 americanos reféns em 1979, Hamid Abutalebi é impedido pela Casa Branca de assumir posto em Nova York. Irã mantém indicação e promete recorrer na Justiça internacional. O Irã não vai indicar outro nome para assumir o posto de embaixador do país junto à Organização das Nações Unidas, após os Estados Unidos terem negado o visto de entrada para Hamid Abutelabi, indicado por Teerã para o cargo. A informação foi confirmada neste sábado (12/04) pelo vice-ministro iraniano do Exterior, Abbas Araghchi, que também acusou os EUA de violarem o direito internacional. Ele garantiu que seu país tomará providências legais sobre o caso. Na sexta-feira, Washington negou autorização de ingresso no país a Abutalebi, justificando que o iraniano fazia parte de um grupo de estudantes muçulmanos que em 1979 manteve 52 cidadãos americanos reféns por mais de um ano na embaixada dos EUA em Teerã. Abutelabi afirma que apenas atuou como tradutor no episódio. "É lamentável a decisão do governo dos EUA, que é uma contravenção à lei internacional, às obrigações de um país sede e aos direitos inerentes de todo Estado-membro de designar seus próprios representantes na ONU", declarou Hamid Babaei, porta-voz do Irã na ONU. Pressão no Congresso A Casa Branca anunciara repetidamente que ao ex-militante muçulmano não era "viável" como embaixador da ONU, alertando o Irã de que a escolha poderia ser "problemática". Desde a indicação de Abutelabi, o presidente Barack Obama vinha sofrendo forte pressão interna para impedir que o iraniano assumisse o cargo em Nova York. O anúncio sobre a não concessão do visto ocorreu um dia após o Congresso americano ter aprovado uma lei que autoriza o presidente a negar entrada nos EUA a qualquer representante da ONU que tenha participado de atos terroristas contra o país. A decisão levanta questionamentos quanto à extensão admissível da influência dos Estados Unidos sobre os trabalhos da organização internacional. Enquanto sede da ONU, o país é obrigado a expedir vistos a todos os diplomatas estrangeiros e chefes de Estado que participam da Assembleia Geral, independentemente da relação dos americanos com tal representante ou país. "Se os EUA começarem a escolher quem vai representar os outros países na ONU, eles vão ficar furiosos. O que Washington acharia se a Suíça vetasse a indicação de um embaixador americano para o Conselho de Direitos Humanos em Genebra?", questionou Richard Gowan, especialista em relações internacionais da Universidade de Nova York, à agência de notícias Reuters. Observadores expressaram receio de que a contenda possa interferir nas delicadas negociações sobre o programa nuclear iraniano, que vêm sendo realizadas entre Teerã e o Grupo 5+1, de potências mundiais (EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha). Ambas as partes já declararam, porém, que o problema do visto não vai alterar o andamento das conversas. MSB/rtr/dpa

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