Participamos do

Maduro perde apoio em meio a acirramento de protestos na Venezuela

19:01 | Mar. 16, 2014
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia
Após um mês de protestos, há um descontentamento crescente com o presidente venezuelano e sua política, o que faz parecer que os dias de Nicolás Maduro estão contados. Enquanto isso, o futuro do país continua incerto. Até os amigos estão se afastando do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. O alemão Heinz Dieterich o esquerdista que foi o principal ideólogo do falecido ex-presidente Hugo Chávez diz que o governo em Caracas está com os dias contados. Para Dieterich, diante da incapacidade de resolver os problemas do país, o governo de Maduro não dura mais do que algumas semanas. Depois de mais de um mês de protestos e violenta repressão do governo, a única coisa que muda na Venezuela é o número de mortos, feridos e presos, que aumenta de forma constante. Fora isso, nenhum dos dois lados cede: o presidente celebra sua velha retórica esquerdista, enquanto os estudantes de oposição arriscam suas vidas todos os dias nas ruas das metrópoles do país em grandes protestos. Não há chances para um diálogo. "Eles nem mesmo são manifestantes", afirma a treinadora de futebol Jacksy Silva, de 24 anos, sobre os estudantes. A apoiadora convicta do governo diz que, se os estudantes fossem manifestantes, iriam carregar faixas, entoar palavras de ordem e se fazer notar por meio de suas vozes em vez de causar distúrbios e agredir pessoas fisicamente nas ruas. "Eles não são estudantes, são um grupo de vândalos que querem destruir a nossa revolução", afirma. Do outro lado, cada vez mais estudantes dizem que Maduro perdeu a legitimidade e querem continuar com os protestos até o fim. "Nós estamos lutando aqui", diz a estudante Vanessa Eissig, de 22 anos. "Pois aqui queremos trabalhar e ter nossas crianças. Na Venezuela existem muitas pessoas capazes, pessoas como nós. Nós lutamos pelo país porque acreditamos nele." O que vem depois do conflito? Maduro rejeitou a maioria das ofertas de mediação de organizações internacionais afirmando se tratar de "intromissão nos assuntos internos da Venezuela". Isso vale principalmente para a Organização dos Estados Americanos (OEA), que Maduro diz ser dominada pelos EUA. Agora, os ministros das Relações Exteriores dos países da Unasul que pode ser tudo, menos imparcial decidiram criar uma comissão para iniciar um diálogo o que, na verdade, pode ser considerado um enorme sucesso de política externa para Maduro. Ao mesmo tempo, ele mostra como a crise na Venezuela dividiu o continente entre países que expressaram sua solidariedade ao governo de Maduro e aqueles que pedem o fim do conflito e da repressão estatal. Mas ninguém parece ter uma ideia clara do que está por vir depois disso. Quase ninguém confia que a oposição possa unir e reconstruir o país, que está profundamente dividido. Mas as mudanças são inevitáveis, afirma Diego Moya Ocampos, analista para a América Latina do Serviço de Informação Econômica (IHS, em inglês), dos EUA. "Uma perfeita tempestade está se formando na Venezuela. Desde a morte do ex-presidente Chávez, há cerca de um ano, há um vácuo de poder na Venezuela", afirma Ocampos. "Os protestos contra e a favor do governo aumentam. A economia encolhe, a inflação alcança níveis recordes e há escassez de alimentos e medicamentos. Essa é a combinação perfeita para uma profunda mudança no país." Solução deve vir de dentro Mas mesmo os EUA, que criticam abertamente e com palavras duras o atual governo, não parecem ter um plano para a era pós-Maduro, diz o Centro MacMillan de Política Internacional, da Universidade de Yale. "Os EUA têm uma longa história de apoio a movimentos rebeldes que, depois de chegarem ao poder, tiveram efeitos desastrosos a longo prazo nesses países", escreve o instituto sobre a situação atual na Venezuela. Assim, uma solução para o país deveria vir provavelmente de dentro. Embora o governo Maduro tente ainda adotar uma linha dura contra os protestos, ele está se autodestruindo nos bastidores. Mesmo chavistas convictos em altos cargos agora se opõem à violência estatal e à repressão aos protestos. E até mesmo entre os que apoiam as políticas do governo há um descontentamento crescente com o presidente e sua política. Se os protestos dos bairros de classe média atingirem redutos estratégicos de chavistas em bairros mais miseráveis, a tendência é que a instabilidade aumente. "Quanto mais fraco o governo se torna, mais forte será a influência das Forças Armadas nos bastidores", diz Ocampos. "As dificuldades políticas e econômicas vão continuar, o que deve levar à divisões no partido do governo e nas Forças Armadas. E isso, por sua vez, pode levar a uma intervenção militar direta ou indireta." E Maduro não é considerado um homem das Forças Armadas. Elas simpatizam mais com o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, oponente de Maduro. O presidente Maduro não tem muitos amigos e, evidentemente, parece não ter muito mais tempo.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente