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Organizações internacionais pedem que Alemanha aceite mais refugiados sírios

12:36 | 12/09/2013
Berlim e outros países europeus podem fazer mais pelos refugiados sírios, num momento em que a situação humanitária piora, dizem órgãos como o escritório de refugiados da ONU. Alemanha aceitou receber 5 mil refugiados. Já há mais de dois anos grassa na Síria a guerra civil entre tropas do presidente Bashar al-Assad e opositores do governo. Porém quem mais sofre no conflito sangrento é a população civil: mais de 2 milhões de sírios já deixaram o país. Alguns deles irão encontrar um lar temporário na Alemanha. O ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedrich, anunciou em março último que 5 mil refugiados sírios viriam o mais rápido possível para a Alemanha, em voos coletivos. Nesta quarta-feira (11/09), o primeiro grupo desembarcou em Hannover, sendo recebido por Friedrich com as palavras: "Vocês estão em segurança". Critérios de seleção claros De acordo com uma porta-voz do Ministério alemão do Interior, os critérios para selecionar os refugiados aptos a vir para a Alemanha foram definidos pelo órgão em estreita cooperação com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Os 5 mil foram escolhidos entre os grupos que buscaram refúgio no Líbano. Mais de 700 mil refugiados sírios se registraram nas organizações de ajuda humanitária, nesse país vizinho da Síria. Funcionários no Líbano "conferem as informações relevantes nos documentos de registro, contatam os indivíduos e perguntam se estariam dispostos a vir para a Alemanha", disse à Deutsche Welle Stefan Telöken, porta-voz do Acnur na Alemanha. Na seleção foram considerados principalmente três grupos: emergências humanitárias, como, por exemplo, feridos graves, órfãos e mães solteiras com seus filhos. Além disso, refugiados que tenham ligações com a Alemanha ou seja, laços familiares ou conhecimentos do idioma. E, como terceiro grupo, sírios com qualificações especiais que possam ajudar na reconstrução do país após o fim do conflito. Os escolhidos podem inicialmente permanecer por dois anos na Alemanha e recebem permissão de trabalho ou seja, não têm status de requerentes de asilo. "Este não é absolutamente um programa de reassentamento", assinalou Telöken. Desta forma, assim que for possível, os refugiados deverão voltar para seu país. Friedland e Bramsche: primeiros pontos de chegada A princípio, os 5 mil sírios irão passar duas semanas nos chamados campos de trânsito de fronteira Friedland e Bramsche. Ali, serão preparados para a estada na Alemanha. "As pessoas frequentam um chamado curso de iniciação, em regime voluntário", explicou o diretor do campo Friedland, Heinrich Hörnschemeyer, à Deutsche Welle. "Pela manhã, tenta-se ensinar um pouco da língua alemã. Até o fim da primeira semana eles devem ser capazes, até onde possível, de se apresentar e pedir informações. No período da tarde, são transmitidas informações sobre a República Federal da Alemanha." Aqui, os recém-chegados aprendem um pouco sobre a história do país, além de se informarem sobre as escolas alemãs, o sistema de saúde e a forma de lidar com as autoridades. De acordo com Hörnschemeyer, a forma de vida dos refugiados não tem praticamente nada a ver com o dia a dia na Alemanha, e a curta estada em Friedland visa lhes dar uma certa vantagem inicial. Após 14 dias, eles serão distribuídos pelos estados do país. Viagem para os estados Todos os 16 estados alemães estão recebendo refugiados, e sua distribuição ocorre segundo a população e as receitas fiscais das unidades federais em questão. Por esse motivo, a maioria dos refugiados vai para o estado com a maior população, a Renânia do Norte-Vestfália, onde pelo menos 1.060 deles receberão um lar temporário. Além disso, esse estado anunciou a intenção de receber outras mil pessoas. O menor dos estados alemães, a cidade-estado de Bremen, acolherá 50 sírios, mas não há abrigos de refugiados. "Estamos no momento conversando com as paróquias, que estão vendo se providenciam, elas mesmas, as acomodações ou se vão consultar seus paroquianos sobre a possibilidade de eles fornecerem alojamento", declarou Bernd Schneider, porta-voz da secretária de assuntos sociais de Bremen, Anja Stahmann. "Essas 50 pessoas de que estamos falando são consideradas particularmente vulneráveis. Há doentes, feridos, gente que sofreu traumas. E aí se mobilizaram forças da sociedade excepcionalmente engajadas", disse Schneider. Críticas de ONGs A organização de ajuda a refugiados Pro Asyl critica o volume de refugiados sírios que a Alemanha pretende acolher. "Em relação à dimensão da catástrofe de refugiados no Oriente Médio, certamente esse número não é suficiente", disse o vice-diretor da ONG, Bernd Mesovic. Além disso, ele criticou os critérios de seleção. "Basicamente, são escolhidos refugiados que estão no Líbano e que lá se registraram no Acnur, em busca de proteção, num determinado dia." Segundo Mesovic, isso exclui muitos necessitados.

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