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EUA e Rússia entram em acordo para destruir arsenal químico sírio

Damasco tem uma semana para apresentar uma lista de suas armas químicas para que sejam destruídas antes de meados de 2014

15:22 | 14/09/2013
Estados Unidos e Rússia chegaram neste sábado, 14, a um acordo em Genebra que dá a Damasco uma semana para apresentar uma lista de suas armas químicas para que sejam destruídas antes de meados de 2014 e estabelece uma resolução da ONU que autoriza o uso da força, se o regime não cumprir seus compromissos.

[SAIBAMAIS 3]No acordo, ambos os países "expressam a sua determinação conjunta para garantir a destruição do programa de armas químicas sírio o quanto antes e do modo mais seguro".
Em um comunicado, o presidente americano, Barack Obama, saudou o acordo alcançado neste sábado, mas disse que espera que o regime de Bashar al-Assad "esteja à altura de seus compromissos", e insistiu que "os Estados Unidos continuam preparados para agir, caso fracasse a diplomacia".

"Conseguimos realizar uma estimativa compartilhada sobre a quantidade e o tipo de armas químicas que o regime de [Bashar al] Assad possui e nos comprometemos a fazer que a comunidade internacional assuma o controle dessas armas", declarou o secretário de Estado americano John Kerry, depois de três dias de negociações com seu colega russo Serguei Lavrov em Genebra.

Os Estados Unidos consideram que a Síria tem 45 instalações ligadas ao programa de armas químicas e a Rússia está de acordo com Washington de que o país árabe tem 1.000 toneladas de substâncias químicas, indicou um alto funcionário americano. "Agora o mundo espera que o regime de Assad cumpra suas promessas", advertiu Kerry, durante uma entrevista coletiva à imprensa ao lado de Lavrov.

Os inspetores de armamentos terão que chegar à Síria, no máximo, até novembro para que o objetivo de destruir as armas químicas em meados de 2014 seja alcançado, afirmou Kerry. Já Lavrov afirmou que Conselho de Segurança da ONU reagirá se a Síria violar seus compromissos.

"No caso de as exigências (da Convenção de Proibição de Armas Químicas) não serem respeitadas ou de armas químicas serem utilizadas por parte de quem quer que seja, o Conselho de Segurança da ONU tomará medidas dentro do capítulo 7" da carta das Nações Unidas sobre o uso da força, disse. Lavrov se referiu à seção da carta que prevê, entre outras coisas, o possível uso da força militar.

O chanceler russo também disse que a veracidade das denúncias sobre supostas violações da Convenção por parte de Damasco serão verificadas. "Obviamente, isto não quer dizer que temos que acreditar de pés juntos em todo caso de violação denunciado ao Conselho de Segurança. Cada um deles terá de ser investigado. Tentaremos confirmar a autenticidade", declarou.

Na quinta-feira, o presidente sírio havia se comprometido a enviar às Nações Unidas os documentos para aderir à Convenção Internacional para a Proibição de Armas Químicas, mas com a condição de que os Estados Unidos parem de "ameaçar" com uma intervenção militar e que deixe de "dar armas" aos rebeldes.

No entanto, em sua edição de sexta-feira, The Wall Street Journal indicou que o regime sírio começou a espalhar seu arsenal químico em cinquenta lugares diferentes para complicar os trabalhos de supervisão. O acordo de Genebra foi bem recebido, a não ser pelos rebeldes. A França o chamou de "progresso importante", acrescentando que levará em conta o relatório dos especialistas da ONU sobre o ataque de 21 de agosto perto de Damasco para "se posicionar" a respeito.

A previsão é que as conclusões desse relatório sejam reveladas na segunda-feira. O secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, também saudou o acordo de Genebra e expressou sua esperança de que isso leve ao fim do "horrível sofrimento" dos sírios. O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, também recebeu favoravelmente o acordo, mas considerou que agora um "trabalho urgente" deve ser iniciado para implementá-lo.

Em troca, o chefe do Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes), general Selim Idriss, rejeitou o anúncio. "Não podemos aceitar esta iniciativa", disse Idriss. "O Exército Sírio Livre não se submete a esse acordo. Não temos armas químicas, e eu e meus irmãos continuaremos lutando até a queda do regime", declarou.

Além da questão das armas químicas, americanos e russos esperam que o processo dê lugar a um acordo mais ambicioso para acabar com uma guerra civil que em dois anos e meio deixou cerca de 110.000 mortos. Kerry e Lavrov marcaram na Suíça uma nova reunião que será realizada "em Nova York em torno de 28 de setembro", durante a Assembleia Geral anual da ONU para fixar uma data para uma conferência de paz na Síria.

AFP

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