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Eleições alemãs: China aposta na continuidade

10:07 | 14/09/2013
Angela Merkel ou Peer Steinbrück? Na China, as eleições parlamentares alemãs também despertam interesse. Em caso de troca de governo, outros temas poderiam ganhar relevância no contexto das relações teuto-chinesas. Na China, a chefe de governo alemã, Angela Merkel, é conhecida por sua forma racional e pragmática de governar. Há oito anos no cargo, ela já teve tempo suficiente para marcar, à sua maneira, as relações teuto-chinesas. Merkel esteve pela última vez em Pequim em agosto de 2012, quando se reuniu com o presidente Xi Jinping. Segundo Zhao Chen, cientista político da Academia Chinesa de Ciências Sociais, "Merkel demonstra um carisma especial, conciliando diferentes posições políticas e apresentando as respectivas soluções. A oposição não tem muito o que contestar", conclui Zhao Chen. Pragmatismo e dados econômicos positivos Liu Liqun, professor de política alemã da Universidade de Idiomas Estrangeiros em Pequim, registrou referências predominantemente positivas sobre o governo Merkel na mídia chinesa. Com apenas uma grande exceção: em 2007, quando Merkel recebeu o Dalai Lama na sede do governo alemão. Em decorrência disso, as relações bilaterais entre os dois países esfriaram temporariamente. Sob a perspectiva chinesa, Merkel conseguiu posteriormente normalizar as relações entre os dois países relações essas marcadas sobretudo pelo intercâmbio econômico cada vez mais intenso. Espionagem na internet: tema ignorado A imagem positiva de Merkel tem principalmente a ver com a força da economia alemã, aponta Liu Liqun. "Apesar da crise de endividamento na Europa, a economia da Alemanha permanece estável", diz o especialista, para quem Merkel, considerada a mulher mais poderosa do mundo, desfruta de uma imagem positiva na China. Segundo Liu Liqun, a alemã demonstrou, contudo, alguma fraqueza em meio aos escândalos de vigilância envolvendo a Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana. O especialista chinês acredita que Merkel se encontre num dilema: "Por um lado, a Alemanha quer preservar as boas relações com os EUA; por outro, Merkel acaba sendo pressionada pela opinião pública para esclarecer detalhadamente os escândalos envolvendo grampeamentos", analisa Liu. Na China, fala-se pouco ou nada sobre este assunto, salienta o especialista. Política interna alemã desperta pouco interesse dos chineses Entre o público chinês, Merkel é muito mais conhecida que seu adversário, o social-democrata Peer Steinbrück. De acordo com Bian Wie, correspondente da agência chinesa de notícias Xinhua em Berlim, no que se refere às eleições alemãs, os chineses se interessam especialmente por números e pesquisas de opinião. "Não arriscamos prognósticos, mas relatamos a respeito do desenrolar da campanha eleitoral e de possíveis coalizões. Os detalhes da política interna alemã deixamos de lado, pois eles não despertam muito interesse do público chinês", conclui o jornalista. Entretanto, acrescenta Bian, discute-se ocasionalmente no país as possíveis consequências do pleito alemão para a China. "Não importa quem ganhe, as relações teuto-chinesas irão continuar se desenvolvendo", diz Bian com convicção. "Verdes poderiam causar turbulências" Liu Liqun não acredita que haverá surpresas no dia do pleito. "Acredito que haja uma probabilidade de 90% de que o próximo governo continue sendo formado pela coalizão entre CDU e FDP", fala o especialista chinês. No entanto, caso aconteça uma coligação entre verdes e social-democratas no país, é possível que o tema "direitos humanos" ganhe maior relevância para Berlim. Segundo Liu Liqun, nos últimos tempos vários políticos verdes criticaram o desrespeito do governo chinês aos direitos humanos. Caso o partido participe de um futuro governo, isso poderia gerar turbulências nas relações teuto-chinesas, acredita o especialista. De modo geral, tanto a mídia estatal chinesa quanto os especialistas em questões ligadas à Alemanha na China observam com tranquilidade as eleições parlamentares alemãs. E há um consenso: não importa quem saia vitorioso das urnas, pouco ou nada mudará nas relações teuto-chinesas, pois as plataformas dos concorrentes pouco se distinguem no que diz respeito à política de Berlim para a China.

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